Folha de S. Paulo


Mostra reúne 35 fotos de Conceição, veterano do 'Notícias Populares'

Há 30 anos, o fotógrafo José Luís da Conceição, 51, ou apenas Conceição, como é conhecido, recebeu a missão de registrar os destroços de um incêndio em São Paulo.

A foto lhe rendeu sua primeira publicação nesta Folha, onde havia começado como auxiliar no departamento de assinaturas, e foi o estopim de uma longa carreira.

A partir de hoje, uma exposição em torno do seu trabalho ocupará o espaço de mostras do Conjunto Nacional, com 35 fotos escolhidas do vasto acervo de Conceição, que tem mais de 20 mil fotos digitalizadas.

Reprodução
Rita Cadilac registrada pelo fotógrafo Conceição, em ensaio exclusivo para o jornal 'Notícias Populares', em 1991
Rita Cadilac registrada pelo fotógrafo Conceição, em ensaio exclusivo para o jornal 'Notícias Populares', em 1991

Apesar de ter feito registros que lhe colocaram na história do fotojornalismo brasileiro, em jornais como a Folha, o "Notícias Populares", "O Globo" e "O Estado de S. Paulo", Conceição diz se considerar um anti-herói da fotografia.

"Todo fotógrafo se acha um pouco artista, mas eu não, sou um anti-herói. O que fiz foi ser muito dedicado e persistente", conta.

Aos 20 anos, matriculou-se em um curso de fotografia e comprou sua primeira câmera em 36 prestações.

Quatro anos depois, em 1985, foi contratado pelo "Notícias Populares", onde ficou por quase dez anos. Ele afirma que o "NP" e o movimento escoteiro, onde milita até hoje, foram suas verdadeiras escolas de fotojornalismo.

"No 'NP', tinha a liberdade de fazer as pautas mais interessantes que encontrava, como registrar um porco com cara de gente. E como escoteiro, desde menino aprendi a ter disciplina, conviver em grupo e lidar com as intempéries do tempo, qualidades que um fotógrafo deve ter."

Ele também chegou a fazer um curso de teatro para ajudar na improvisação: "Tinha que ser um camaleão, para viver personagens em situações como velórios, onde entrava com um ar de quem estava chorando", conta.

Conceição diz ter tomado para si o lema do filme "O Destemido Senhor da Guerra" (1986), de Clint Eastwood: "Um fotógrafo deve adaptar, superar e improvisar", diz.

Ele cobriu, entre outros momentos históricos, a campanha das Diretas Já, a morte de Tancredo Neves e rebeliões de presos no Carandiru. Também saiu às ruas no mês passado, por sua conta, e registrou os últimos protestos no país. Atualmente, trabalha em uma agência de fotografia institucional.

30 ANOS DE FOTOJORNALISMO
ONDE Conjunto Nacional (av. Paulista, 2.073; tel. 0/xx/11/3253-9338)
QUANDO a partir de hoje, até dia 20 de julho
QUANTO grátis


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