Cinco anos depois de "A Minha Segunda Guerra", João Barone, baterista dos Paralamas do Sucesso, volta ao tema bélico, agora como detonador de mitos.
Em sua nova empreitada literária, "1942: O Brasil e sua Guerra Quase Desconhecida", Barone pretende desfazer mitos e confusões sobre a participação brasileira no conflito.
Crítica: Com sabor de almanaque, obra de João Barone supervaloriza pracinhas
"Ainda tem quem diga que fomos bucha de canhão dos Aliados, que teriam sido americanos [e não submarinos alemães] que afundaram navios brasileiros, forçando o país a declarar guerra ao Eixo."
Nelson Veiga/Divulgação | ||
João Barone em um avião da Segunda Guerra Mundial, tema de seu mais recente livro |
Para desfazer concepções erradas, Barone vale-se do seu interesse não acadêmico pelo assunto, que vem desde a infância, quando seu pai, João de Lavor Reis e Silva --um dos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira enviados à Itália--, silenciava sobre os dias nos campos de batalha.
Se em sua estreia literária Barone lançava a vista sobre a história da própria família --"um livro um pouco mais ingênuo, uma narrativa mais pessoal", diz--, a ideia agora foi amparar-se em fatos e histórias de outros combatentes.
Ao longo de 288 páginas --sete delas listando obras de referência e fontes da internet consultadas--, desfilam anônimos em "encruzilhadas improváveis", como ele define.
Apesar dos numerosos fatos relatados na obra, a leitura é fluida, já que não há notas de rodapé. "Fui desencorajado pela editora a fazer um livro de formato acadêmico. A ideia era abordar o tema de uma forma pop", justifica.
HISTÓRIAS DE FILME
Barone cita histórias pouco lembradas, como a dos irmãos catarinenses Scheibel. O mais velho alistou-se na FEB para ir atrás do mais novo, que se alistara antes na marinha dos EUA e de quem a família não tinha mais notícias. "É quase o enredo do filme 'O Resgate do Soldado Ryan'", compara.
Depois de elogiar os livros "A Nossa Segunda Guerra Mundial", do jornalista Ricardo Bonalume Neto, e "A Guerra em Surdina", do ex-combatente Boris Schnaiderman, Barone diz que o momento histórico poderia ser melhor explorado pela dramaturgia. Ele cita como bom exemplo o filme "A Montanha", dirigido por Vicente Ferraz, ainda sem data de estreia.
Barone, que produziu ele mesmo o documentário "Um Brasileiro no Dia D", de 2006, relembra as dificuldades de se retratar o período.
"É preciso ter uma expertise muito grande para reproduzir época e os combates. Tem que ser bem-feito, senão fica um pouco fácil de ver a fragilidade da produção."
De toda forma, Barone louva qualquer iniciativa nesse sentido. "Durante muito tempo, o assunto ficou à sombra do ranço do militarismo. Hoje, é preciso se entender que é uma história de brasileiros, do país", defende.
"1942 - O BRASIL E SUA GUERRA QUASE DESCONHECIDA" - LANÇAMENTO EM SÃO PAULO
AUTOR: João Barone
EDITORA: Nova Fronteira
QUANTO: R$ 39,90 (288 págs.)
QUANDO: quarta-feira (26), às 20h
ONDE: Livraria da Vila - Shopping JK Iguatemi (av. Juscelino Kubitschek, 2041; tel.: 0/xx/11/5180-4790)