Folha de S. Paulo


Vespas Mandarinas defendem seu rock de poesia e guitarras

"Animal Nacional" é um álbum de rock nacional, com músicas de pegajosas frases de guitarra, boas para tocar no rádio --se as emissoras
tocassem rock independente. As letras são espertas, cantadas em português.

Vespas Mandarinas, a banda responsável por esse som, é uma espécie de supergrupo do rock indie nacional.

Victor Moriyama/Folhapress
Tadeu Meneghini, Chuck Hipolitho, André Dea e Flavio Guarnieri, os Vespas Mandarinas
Tadeu Meneghini, Chuck Hipolitho, André Dea e Flavio Guarnieri, os Vespas Mandarinas

O conceito "supergrupo" surgiu na cena roqueira do fim dos anos 1960, para classificar bandas formadas por ex-integrantes de outras já famosas, como Crosby, Stills, Nash & Young.

Os "vespas" têm pedigree. Chuck Hipolitho (guitarra e vocal) era do Forgotten Boys. Tadeu Meneghini (guitarra e vocal) liderava o Banzé, enquanto André Dea (bateria) e Flavio Guarnieri (baixo) eram a "cozinha" do Sugar Kane.

São bandas de boa rodagem de shows e álbuns. Para Hipolitho, a experiência dos integrantes, com idades entre 27 e 37 anos, foi benéfica para o entrosamento.

"Ninguém aqui é mais moleque se deslumbrando com o rock. Estamos construindo algo para durar", diz. "Não somos uma banda de colegas de escola. Já amadurecemos", emenda Meneghini.

Os cerca de 40 minutos de "Animal Nacional" mostram tal maturidade, notadamente nas letras. A banda fala com empolgação da qualidade do rock brasileiro nos anos 1980 e seus letristas.

"O rock está 'desletrado', hoje tem muita coisa abaixo da crítica", dispara Meneghini. A preocupação do Vespas com discurso e poesia se expõe nas colaborações para criar o repertório.

O disco traz uma parceria com Arnaldo Antunes ("A Prova") e outra com Bernardo Vilhena ("Santa Sampa"), além de muitas letras de Adalberto Rabelo Filho. Ex-integrante do Numismata e hoje na banda Judas, ele é quase um "quinto vespa".

CEDO E SENTADO

O grupo começou a ser gestado depois de uma participação de Hipolitho em um show do Banzé, a convite de Meneghini. Quando os paranaenses do Sugar Kane mudaram para São Paulo, as ideias musicais dos quatro tomaram forma de nova banda.

O Vespas Mandarinas ainda não é o ganha-pão dos seus integrantes. Hipolitho é VJ e Meneghini ajuda na empresa do pai, enquanto Dea e Guarnieri se viram com trabalhos free-lance na música.

Para Chuck Hipolitho, "seguir com a proposta artística vai consolidar também o retorno comercial do grupo", embora ele reconheça que o Vespas gostaria de tocar em um circuito que não existe na real, de shows mais cedo e realizados em teatros. "Ninguém aguenta mais tocar nos clubes às três da manhã", lamenta Guarnieri.

ANIMAL NACIONAL
ARTISTA Vespas Mandarinas
GRAVADORA Deck Disc
QUANTO R$ 25, em média


Endereço da página: