Folha de S. Paulo


Crítica: Peça "A Descida do Monte Morgan" explora diálogo entre montagem e cenografia

A versão de Luiz Villaça para "A Descida do Monte Morgan", do americano Arthur Miller (1915-2005), trabalha com a exposição total como conceito. Presentes no palco do início ao fim, todos os atores ficam à vista do público, mesmo quando não participam diretamente da ação.

A intriga narra a bigamia de um empresário do ramo de seguros. Após sofrer um acidente automobilístico, Lyman Felt (Ary França) desperta no hospital, onde suas duas mulheres se conhecem.

Não há tempos mortos, a situação é revelada rapidamente para que o conflito preencha a história de modo frenético. No encontro entre as esposas Theo (Lavínia Pannunzio) e Leah (Lu Brites), o protagonista sai de seu leito e participa --cenicamente invisível a elas-- da discussão.

Lenise Pinheiro/Folhapress
Lavínia Pannunzio e Ary França em cena da peça
Lavínia Pannunzio e Ary França em cena da peça "A Descida do Monte Morgan"

Dentro de uma perspectiva diacrônica, os planos de ação do momento atual intercalam-se com os flashbacks.

A onipresença dos personagens é feita em concórdia pelo elenco, que demonstra virtuosismo mais nessas transições de cena do que propriamente nas elocuções, quase sempre artificiais.

O jogo dramático de revelação e descoberta completa-se com o cenário exuberante e funcional de Márcio Medina. Dezenas de objetos pendurados compõem a parte alta da cenografia e constituem a memorabilia da narrativa.

Estão lá a carcaça do carro, um luminoso de Las Vegas de uma viagem e bicicletas do filho mais novo, que aparece apenas no discurso dos personagens. Diálogo máximo entre os referentes cênicos.

A DESCIDA DO MONTE MORGAN
QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 21h, dom., às 18h (até 14/7)
ONDE Teatro Nair Bello (r. Frei Caneca, 569, 3º piso, tel. 0/xx/11/3472-2414)
QUANTO de R$ 40 a R$ 50
AVALIAÇÃO bom


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