Folha de S. Paulo


Bluesman 'durão', John Mayall promete shows vigorosos em festival de SP

O vocalista, tecladista, gaitista e guitarrista inglês John Mayall sobe ao palco do festival Best of Blues na segunda e na terceira noite do evento. Nesta quarta-feira (12), ele divide o ótimo line-up com Buddy Guy e Taj Mahal; amanhã, integra uma escalação menos ortodoxa com o roqueiro Chris Cornell (Soundgarden, Audioslave) em formato acústico e com a cantora Shemekia Copeland (filha do lendário Johnny Copeland).

Há 57 anos na ativa, o fundador do grupo John Mayall & the Bluesbreakers incorpora a mítica do bluesman ríspido e duro na queda. Seu mais recente disco solo, de 2009, é chamado "Tough" ("durão", em inglês) e, em cima do palco, onde permanece em pé durante todo o show, o músico faz jus ao título.

Portanto, não espere por um daqueles shows saudosistas e cheios de blá-blá-blá, como, por exemplo, os últimos de B.B. King no Brasil. "Vou continuar subindo ao palco e dando tudo de mim enquanto estiver fisicamente apto para isso", diz Mayall, 79, à Folha.

Radu Sigheti /Reuters
Lenda do blues John Mayall acena para o público ao fim de show em Bucareste, na Romênia
Lenda do blues John Mayall acena para o público ao fim de show em Bucareste, na Romênia

Seus shows mais recentes, com trechos no YouTube, revelam um músico vigoroso e adepto do improviso, repassando clássicos de sua carreira, standards de blues e até hinos do rock. A passagem do tempo beneficiou a sua voz, cada vez mais grave e rouca.

Já passaram pelo Bluesbreakers músicos como Eric Clapton e Jack Bruce (que depois fundariam o Cream), Mick Taylor (que integraria os Rolling Stones), Peter Green e Mick Fleetwood (que formariam o Fleetwood Mac) e outros.

O álbum "Bluesbreakers with Eric Clapton" (1966) até hoje é considerado um dos mais influentes do gênero. Por essas e outras, John Mayall é creditado como um dos fundadores do blues britânico. Um título que rejeita. "Isso é bobagem. Não existe blues britânico, existe blues, seja ele feito na Inglaterra, nos Estados Unidos ou no Camboja", rebate.

Ainda assim, a banda teve um papel fundamental em consolidar o estilo no país europeu. Os discos "A Hard Road" (1967) e "Bare Wires" (1968) ficaram, respectivamente, na oitava e na terceira posição das paradas britânicas.

Em 2009, após quase 20 anos, Mayall voltou a batizar sua banda como Bluesbreakers e a formação atual conta com o baixista americano Greg Rzab, que já acompanhou Otis Rush e Buddy Guy.

Atualmente, Mayall mostra que é osso duro de roer no palco e fora dele. Nem a crise da indústria ou a desvalorização do blues são páreo para a sua produção fonográfica.

Além dos discos solo, que vem lançando com alguma regularidade por selos independentes como o Eagle Records, o músico criou em 2000 a série "Private Stash" (acervo pessoal, em inglês), que comercializa registros de shows históricos e material inédito por meio do seu site.

"O blues pode não ser mais popular, mas vai sempre existir. Pelo menos enquanto as pessoas ainda sentirem alguma coisa", diz Mayall.

BEST OF BLUES
QUANDO quarta (12) e quinta (13), a partir das 20h
ONDE WTC Golden Hall (av. das Nações Unidas, 12.551, Brooklin)
QUANTO De R$ 150 (mediante a doação de um agasalho) até R$ 1,2 mil, no www.livepass.com.br; tel. 0/11/xx/4003-1527
CLASSIFICAÇÃO 16 anos


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