Produção independente rodada em Gramado, "Réquiem para Laura Martin" fala da decadência existencial de um compositor celebérrimo, designado apenas por Maestro (Anselmo Vasconcelos). Ele vive em torno de duas mulheres: a amante, que venera, e a esposa, com a qual mantém um casamento de fachada.
A musa é Laura (Ana Paula Serpa), uma pianista jovem e talentosa que transcreve suas partituras. Raquel (Claudia Alencar), a esposa, aceita a situação passivamente.
Este ponto de partida poderia resultar em um filme interessante, mas o roteiro e a direção levam a empreitada à catástrofe. O mais sério dos múltiplos problemas do filme é a abissal defasagem entre pretensão e performance, que torna o resultado constrangedor.
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Cena do filme "Réquiem para Laura Martin" |
A proposta era fazer um filme de arte, que na cabeça dos diretores deve significar algo rebuscado e presunçoso. O roteiro é confuso, cheio de lances nebulosos como o pacto de sangue entre o Maestro e a amante, a misteriosa doença que subitamente acomete esta última, ou o final que se quer surpreendente a todo custo -mas não passa de outra bobagem de mau gosto. Os diálogos também padecem da mesma falta de discernimento: alternam linguagem pornográfica, expediente que nada acrescenta, e um palavreado pomposo que expõe os atores ao ridículo. Nem o figurino convence: o eruditíssimo e riquíssimo Maestro parece um modesto estancieiro, enquanto Raquel se veste com vulgaridade digna de garota de programa.
As constantes descontinuidades entre som e imagem são outro aspecto que a dupla de diretores deve associar à ideia de elaboração formal. Pode até ser, mas não neste caso, pois tal fragmentação é mero tique a reiterar algo desnecessário: a desordem mental dos personagens. Com tais predicados, as cenas embaraçosas pululam, como aquela em que o Maestro se masturba na cama balbuciando o nome da amante, tendo ao lado a esposa que lê um livro com ar de enfado. Dá vontade de rir, mas a intenção da cena infelizmente é outra.
Durante quase duas horas os personagens desfilam como zumbis, arrastando suas dores bem humanas, é verdade. Mas tudo é apresentado sem a menor competência para capturar a atenção do espectador, que permanece o tempo todo distante, indiferente ao drama.
RÉQUIEM PARA LAURA MARTIN
DIREÇÃO Luiz Rangel e Paulo Duarte
PRODUÇÃO Brasil, 2012
ONDE Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO péssimo