Folha de S. Paulo


Juca Ferreira diz que fomento ao audiovisual no Brasil é "clientelista"

O secretário municipal de Cultura de São Paulo, o ex-ministro Juca Ferreira (2008-2010), disse na manhã desta quarta (5) no Fórum Brasil de Televisão, em São Paulo, que é "uma pessoa crítica à experiência do fomento do audiovisual no Brasil, que é muito marcado pelo clientelismo".

Ferreira afirmou que, "apesar de achar que é importante (haver) política do audiovisual", é necessário desenvolver uma "maneira mais criteriosa para que o dinheiro (público investido no setor) venha de fato incentivar o desenvolvimento da atividade, e não criar uma dependência improdutiva".

Sobre o trabalho na secretaria paulistana, Ferreira afirmou: "Estamos andando mais devagar do que eu gostaria". Ele disse ter-se surpreendido "com a fragilidade da Secretaria" que assumiu.

"Não encontrei políticas culturais. A Secretaria é muito exótica", afirmou, citando que há uma cadeia de comando na pasta e "mais de cem equipamentos" que funcionam sem sinergia.

O secretário citou a existência de "mais de 30 bibliotecas" municipais e exemplificou o caso de "uma que tem dez empréstimos por mês. Seria melhor fechar e, quando o cara quiser o livro, o governo compra e dá para ele".

POLÍCIA

Ao abordar os problemas com que já teve que lidar à frente da Secretaria, Ferreira citou os episódios de violência na Virada Cultural, no mês passado, quando "a polícia estava numa greve branca, de braços cruzados", segundo afirmou. A Virada registrou duas mortes e uma série de arrastões.

O secretário disse que "é possível desenvolver segurança para grandes eventos" e, abordando especificamente a perspectiva da presença de um grande volume de estrangeiros nas metrópoles brasileiras, falou da inviabilidade da proibição de bebidas alcóolicas em celebrações públicas. "Transformar isso aqui num evento ou num mosteiro não é possível. Quem conhece os alemães e os ingleses sabe que a celebração é regada a muita cerveja. É assim mesmo. Eu prefiro o mundo assim. É preciso colaborar e contribuir para garantir uma política de segurança pública".


Endereço da página: