Folha de S. Paulo


Ex-banqueiro afirma que processará juiz por lançar livro sobre suposta lavagem de dinheiro

O ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira diz que vai processar o juiz federal Fausto de Sanctis nos EUA por ele ter relatado em livro um caso que não foi concluído e pode ter um final diferente daquele que é contado na obra.

"Onde já se viu juiz publicar livro sobre caso que julgou?", questiona Edemar. De Sanctis escreve no livro que o caso não foi encerrado.

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Em 2006, o juiz condenou Edemar a 21 anos de prisão por considerá-lo responsável pela quebra do Banco Santos.

Editoria de Arte/Folhapress

O ex-banqueiro recorreu e o novo julgamento ainda não foi marcado. Ele aguarda o recurso em liberdade. Edemar pode recorrer a mais duas instâncias: ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo.

Ele diz que a condenação foi baseada em documentos falsos. Em 2005, o Banco Central concluiu que o banco tinha um rombo de R$ 2,2 bilhões e decretou intervenção na instituição. "Esse balanço é falso", afirma.

Os resultados obtidos pelo administrador da massa falida, Vânio Aguiar, comprovam a falsidade do tamanho do rombo, segundo Edemar.

Ele relata que a massa falida já arrecadou R$ 1,2 bilhão, tem R$ 250 milhões em caixa e R$ 4 bilhões a receber de "empresas saudáveis como Hering, Caoa e Bombril".

Como precisa pagar mais R$ 1,3 bilhão, restariam em caixa quase R$ 3 bilhões. É a alegação que Edemar faz desde que o Banco Santos quebrou em 2005: a instituição estava bem e ele foi vítima de um jogo político.

Edemar diz que as acusações de lavagem de dinheiro não têm fundamento. "Não conseguiram provar nada sobre lavagem. Não há lavagem de dinheiro". Segundo ele, perícia realizada por ordem do Tribunal de Justiça de São Paulo concluiu que não houve desvios no Banco Santos.

Sobre os trabalhos apreendidos nos EUA pelo FBI (a polícia federal daquele país), cuja propriedade é atribuída ao ex-banqueiro, ele escreveu o seguinte em nota à Folha:

"As obras que estão no exterior foram vendidas em junho de 2004 pela proprietária a uma empresa panamenha chamada Broadening. Nenhuma obra de empresa relacionada a mim ou à minha mulher está no exterior".

De acordo com ele, é falsa a versão de que as obras foram apreendidas pelo FBI: "Pelo que sei, as duas obras de arte que vieram ao Brasil foram compradas nos EUA com dinheiro dos credores do banco pelo Vânio [administrador da massa falida do banco], pois seus proprietários não queriam ser envolvidos em ações judiciais. Não tem nada de FBI".


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