Folha de S. Paulo


Cineasta islandês faz tudo, dentro e fora do estúdio

O diretor islandês Baltasar Kormákur, 47, conquistou reputação internacional com filmes fora do padrão, como "101 Reykjavik", uma comédia sobre um vagabundo sexualmente confuso, e "The Sea", sobre os segredos sombrios de uma família em uma distante aldeia de pescadores. Mas ele está fazendo uma transição impressionante para o cinema americano com filmes de ação como "Contrabando" e "2 Guns", que estreiam neste semestre.

Isso não significa que ele tenha adotado o programa de Hollywood. "Durante duas semanas, Kormákur não soube que tinha um trailer no estúdio", disse Mark Wahlberg, que estrela com Denzel Washington "2 Guns", no qual os atores interpretam dois policiais corruptos que enfrentam a máfia. "Ele era apenas mais um no estúdio trabalhando."

O diretor, embaraçado, admitiu a história do trailer. "Eu só o usei duas vezes", disse por telefone de Budapeste, onde foi para filmar um piloto para a HBO e também para planejar um remake de "Jar City", seu sucesso de 2006.

Kormákur resiste ao conceito de que um diretor estrangeiro tem de se render para fazer sucesso em Hollywood. "Se eu nunca mais fizer um filme nos EUA depois de '2 Guns', não considerarei isso um fracasso", disse. "Considerarei uma aventura que eu procurei e continuarei fazendo o que faço."

Ele fez recentemente "The Deep", filme que entrou na lista de indicados ao Oscar. Conta a história real do barco pesqueiro que afundou em 1984 com todos a bordo, exceto um marinheiro (interpretado por Olafur Darri Olafsson), que sobreviveu durante seis horas na água a 4,5 graus Celsius.

"É uma história quase mítica", disse Kormákur. "Todo mundo na Islândia a conhece." É também uma história que personifica a Islândia, segundo ele, por isso era muito importante "acertar".

Ou seja, filmar no Atlântico. Olafsson lembra que foi difícil ele se manter dentro do quadro da câmera enquanto nadava no oceano em constante movimento. Kormákur explica: "Eu pedi uma corda, amarrei-a a minha volta, saltei para a água e me amarrei a Darri. Mantive a corda embaixo da água, fiquei fora do quadro e comecei a nadar de costas. Assim, enquanto ele nadava para a frente, continuava estacionado na imagem".

O império de entretenimento de Kormákur parece tão vasto quanto um campo de lava. Há uma produtora de TV --a RVK--, uma produtora de cinema --a Blueeyes--, fundada por Kormákur e sua mulher, Lilja Palmadottir, e a TrueNorth, que fornece serviços e mão de obra para projetos estrangeiros filmados na Islândia.

"É variável", disse sobre o poder de faturamento dos filmes islandeses. "Quando eles tocam o coração das pessoas, realmente se saem bem."


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