Folha de S. Paulo


Homem sofre overdose e morre durante Virada Cultural

Um homem morreu após sofrer uma overdose durante a Virada Cultural no início da manhã deste domingo (19). O caso ocorreu por volta das 6h na região da Santa Efigênia, centro de São Paulo.

Ele foi socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), de acordo com informações da Polícia Militar. Após ser levado ao pronto-socorro da Santa Casa, o homem teve uma parada cardíaca e morreu.

Também durante a Virada, um homem morreu depois de levar um tiro na cabeça. Segundo a Polícia Civil, Elias Martins Morais Neto reagiu a um assalto na avenida Rio Branco.

A vítima também foi levada à Santa Casa, mas não resistiu.

Segundo a PM, às 23h de sábado (18), outra pessoa ficou ferida ao levar um tiro na perna --dessa vez na avenida Ipiranga. A PM não soube informar o estado de saúde da vítima. O caso foi registrado no 2º DP (Bom Retiro).

ARRASTÕES

Policiais militares ouvidos pela Folha dizem que foram registrados inúmeros casos de arrastões durante a madrugada. A reportagem flagrou pelo menos três deles nas avenidas Ipiranga, Rio Branco e Duque de Caxias.

A reportagem esteve entre as 2h e 3h no 3º DP (Campos Elíseos) e constatou pelo menos 15 casos de vítimas.

Policiais militares informaram que pelo menos 15 jovens foram detidos acusados de cometer os arrastões, na maioria deles menores.

Em todos os casos, a descrição é a mesma. Grupos de aproximadamente 50 passam abordando os frequentadores da festa e, após agressões, arrancam à força celulares, carteiras, bonés e blusas.

"Arrancaram meu boné, meu tênis e minha carteira. Me chutaram quando estava caído. Levei um chute no rosto", disse o estudante C., 16, enquanto era atendido na delegacia.

O ajudante de serralheiro Jeferson Silva, 19, foi agredido antes de ter o celular e o boné roubados. "Eles chegam gritando: 'olha o bonde' e roubam tudo", disse Silva, roubado quando saía de um dos palcos em direção ao metrô, acompanhado de três amigos. Todos foram roubados.

"Chegavam, arrastavam a gente mesmo, juntavam e e arrancavam tudo, corrente, tênis, carteira", disse o conferente Fabio Viana, 24. "A gente vem para se divertir e acaba sem nada".

Na maioria dos casos, os policiais de plantão nas delegacias orientam a fazer o registro da ocorrência pela internet, pois os crimes são considerados furtos. Porém houve casos de pessoas que foram rendidas por pessoas armadas.

"Pior é que está cheio de PMs nas ruas. É muita gente, impossível evitar", disse um PM à Folha.

RECLAMAÇÕES

Participantes da Virada vítimas de ladrões reclamaram do policiamento. "Os PMs ficam nas viaturas, nas esquinas. Não estão a postos para evitar os roubos. Só nos orientam a fazer o boletim de ocorrência. Na delegacia, querem que a gente registre pela internet", disse Stefani Fernanda, 21, enquanto aguardava por informações no 3º DP.

Ela afirma que foi roubada quando aguardava um ônibus no ponto da avenida São João. "Estavam armados. Pediram o celular e a carteira e eu dei. Roubaram outros que estavam no ponto também", disse ela, que mora no Jaraguá (zona norte).


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