Folha de S. Paulo


Filme dos Irmãos Coen sai na frente como favorito pela Palma de Ouro em Cannes

Em Cannes, um festival movido por diversas campanhas de marketing e equipes de assessorias gigantes vendendo filmes, poucos são os filmes que sobrevivem ao hype em torno de suas exibições. Neste sábado (18), Ethan e Joel Coen conseguiram o feito de superar todas as expectativas em torno de seu novo filme "Inside Llewyn Davis".

A tragicomédia sobre Llewis Davis (Oscar Isaac, fortíssimo candidato ao prêmio de melhor ator), um músico folk que não consegue emplacar na Nova York dos anos 1960, foi o filme da competição mais aplaudido até agora --vale lembrar que há outros nomes fortes na segunda metade do evento, como Roman Polanski e seu "Venus in Furs" e "Only God Forgives", do dinamarquês Nicolas Winding Refn.

Divulgação
Oscar Isaac em cena do filme "Inside Llewyn Davis", dos irmãos Joel e Ethan Coen, do qual é protagonista
Oscar Isaac em cena do filme "Inside Llewyn Davis", dos irmãos Joel e Ethan Coen, do qual é protagonista

"Inside Llewyn Davis" não é um retrato da cena liderada por Bob Dylan, apesar de haver uma grande homenagem ao músico no fim do longa e de vários personagens terem versões reais. O longa é a trajetória de Davis em um curto, porém significativo momento de sua vida: seu parceiro de dupla se suicidou e ninguém respeita um cantor folk solo, o que gera sequência antológicas com Justin Timberlake e Carey Mulligan, a dupla comportadinha Jim & Jean.

Neste épico de referências a James Joyce ao fim da indústria fonográfica, o filme não desperdiça nenhum segundo de projeção. Davis, talentoso e um pouco a frente de seu tempo, caminha encontrando personagens saborosos, como o viciado em heroína de John Goodman, o empresário caquético que pede "paciência ao músico" e um produtor famoso de Chicago, com os piores conselhos possíveis.

Novamente com trilha produzida por T-Bone Burnett, responsável pelo sucesso de "E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?" (2000), "Inside Llewyn Davis" está mais próximo do humor de "Queime Depois de Ler" (2008). No entanto, em determinados momentos, principalmente nas paródias musicais, o filme chega a ser um irmão bastardo e melhorado de "A Mighty Wind" (2003), pseudodocumentário cômico de Christopher Guest sobre um grupo folk que tenta se reunir após anos separados.

O único defeito do filme dos Coen? Ser muito curto (1h30) e não ter a trilha para comprar neste instante.


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