Folha de S. Paulo


Abertura da Virada Cultural, cortejo de música popular atrasa

No primeiro dia da Virada Cultural, 28 grupos de música popular e tradicional se reuniram em um cortejo para abrir o evento.

A concentração dos grupos --que tocam gêneros como maracatu, afoxé e samba de roda-- estava marcada para as 15h. Às 15h50, no entanto, haviam apenas quatro grupos no local.

Para Tião Soares, curador do cortejo, o atraso era esperado. "O ritmo desses grupos é diferente".

Luis Carlos, 68, morador do centro que veio especialmente para assistir o cortejo, reclamou do atraso. "Na época do Kassab [a Virada Cultural] era mais organizada", disse.

Eduardo Parra, 39, analista de sistemas, é neto de índios guaranis e veio assistir à apresentação de grupos indígenas.

O prefeito Fernando Haddad e o secretario da Cultura, Juca Ferreira, chegaram às 16h45 para assistir à apresentação dos índios Pancararu.

Segundo a Secretaria da Cultura, em nove anos de Virada, foi a primeira vez que grupos populares tiveram tamanho destaque.

Questionado sobre a escolha, Juca afirmou: "Todo ano você vai perguntar 'por que que até o ano passado não aconteceu isso?' É normal", disse.

Dora Pancararu, 38, representante dos Pancararu em são Paulo, disse que espera uma interação maior com Fernando Haddad do que com os prefeitos anteriores. "Espero que ele venha com uma visão mais ampla do que é cultura. As pessoas acham que índio ainda tem que usar cocar", disse.

O prefeito disse que não iria acompanhar o cortejo e assistiu apenas à concentração.

GRUPOS

Carlos, 42, integrante do grupo Maracatu, afirmou que seria um desafio tocar com tantos grupos juntos, cada um com sua música. Da última vez que tocou na Virada, em 2012, havia apenas dois grupos. "Agora está vindo todo mundo". Ele disse que não ensaiaram juntos e não sabia qual seria o resultado final.

De acordo com a Secretaria da Cultura, o cortejo partiria do Anhangabaú às 17h e completaria o trajeto às 18h, no Minhocão. Às 18h20, no entanto, o cortejo não havia partido.

Vítor Pena, 26, arquiteto, disse que o som estava confuso: "Seria interessante se os grupos se coordenassem mais." Já para Iara Santos, 43, gaúcha, a polifonia é a graça. "Senão, fica organizado; e carnaval organizado é coisa de paulistano".


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