Folha de S. Paulo


Estreante na Virada, Mercadão terá pontos turísticos fechados de madrugada

Estreante na programação oficial da Virada Cultural, o Mercado Municipal de São Paulo (conhecido como Mercadão) terá parte de suas maiores atrações turísticas fechada durante a madrugada --ainda assim, haverá apresentações de chorinho ao longo de 24 horas.

Levantamento feito pela Folha apontou que dos 38 restaurantes e lanchonetes do local, apenas quatro ficarão abertos entre a noite do sábado (18) e a manhã do domingo (19). Outros cinco planejam estender seus horários caso haja clientes.

O horário normal de funcionamento do comércio atacadista no Mercadão é de 6h às 18h, de segunda a sábado, e de 6h às 16h, nos domingos e feriados. Procurada, a assessoria do mercado não soube informar quantos boxes vão abrir além de seus horários normais.

O site oficial do mercado informa que os estabelecimentos estarão abertos durante a madrugada, mas recomendava ao visitante para "se programar melhor", entrar em contato com os mesmos para checar o horário de funcionamento.

O local, um dos maiores cartões-postais da cidade, terá apresentações de chorinho. João José Pita Júnior, violonista da banda Regional Imperial, diz que pessoas interessadas no estilo musical devem comparecer, mas mais lanchonetes abertas ajudariam a atrair um maior público. "Se fosse eu, ia querer chegar mais cedo, comer um pastel e depois veria o show." A apresentação do grupo será às 4h com Roberto Seresteiro.

O empresário Marcos Antônio Loureiro, 57, dono do Bar do Mané, diz que não abrirá na madrugada por falta de planejamento. "Esse ano não vou abrir, mas vou vir como 'olheiro' para saber se vale a pena participar no ano que vem. Não adianta um abrir e o outro ficar fechado. O mercado fica morto."

Muitos proprietários comentam que não vão abrir por falta de equipe, já que vários boxes são negócios familiares . "Não temos funcionários que aguentem a carga horária. São poucos os que trabalham com gente suficiente", diz funcionária de uma lanchonete que não quis se identificar.

O dono do restaurante Japa Loko, Pedro Nakirimoto, 49, afirma que não conseguiria organizar uma escala noturna no sábado porque este é o dia mais movimentado do mercado. Por isso, optou por não abrir o estabelecimento na madrugada.

Aqueles que conseguiram organizar seus funcionários ou contratar garçons extras reconhecem que acompanhar as 24h da Virada Cultural é assumir um risco. Para Edgard Melo, 26, dono do Mortadela da Cidade, que ficará aberto 34 horas seguidas, "participar da Virada é uma aposta. É um custo alto de adicional noturno, então muita gente coloca na ponta do lápis e acha que não vale a pena".

25 DE MARÇO

O palco da Virada Cultural da rua 25 de março, próxima ao Mercado Municipal, teve sua posição modificada após pedido de comerciantes.

Segundo a Univinco (União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências), os lojistas não queriam um palco na região, área comercial que funciona aos sábados e domingos. Claudia Urias, secretária-executiva da entidade, diz que a prefeitura não consultou os comerciantes sobre a inclusão da região na programação oficial do evento.

A princípio, o palco estava programado para ser na altura do número 820 da Rua 25 de Março, trecho que concentra o maior número de lojas que abrem aos finais de semana.

Após negociações com a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, o palco foi deslocado para o início da rua, próximo ao Parque Dom Pedro 2º --onde menos lojas abrem no domingo, causando menos impacto, segundo a Univinco.

Segundo a assessoria da secretaria, "trata-se de uma decisão da organização da Virada Cultural após entendimento com a Univinco. (...) Todo o diálogo aconteceu no sentido de atender à solicitação dos comerciantes e garantir conforto e fácil acesso ao público do evento."

Apesar das mudanças, o site oficial da Virada Cultural ainda informa a localização anterior do Palco 25 de Março, na altura do número 820.


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