Folha de S. Paulo


Aposta dos Weinstein para o Oscar, "Fruitvale Station" é aplaudido de pé em Cannes

Ano passado, um pequeno filme chamado "Indomável Sonhadora" começou a aparecer no Festival de Sundance, onde ganhou o prêmio do júri. Em seguida, foi aclamado em Cannes, vencendo a prestigiada Câmera de Ouro, concedida a diretores novatos.

Um fenômeno similar começou a tomar forma na noite desta quinta-feira (16), na 66ª edição de Cannes. "Fruitvale Station", que venceu os prêmios de júri e público no último Festival de Sundance, foi aplaudido de pé por cinco minutos na abertura da competição oficial da mostra paralela Un Certain Regard.

Não é por acaso. O drama do novato Ryan Coogler, comprado pelos irmãos Weinstein, conhecidos por serem os "Reis do Oscar", por US$ 2 milhões, é uma viagem dolorosa sobre o dia do jovem negro Oscar Grant (Michael B. Jordan, ótimo).

Grant foi assassinado por policiais brancos em uma estação de trem na Califórnia em 1º de janeiro de 2009. Coogler não se entrega ao maniqueísmo e alterna sua câmera entre o documental nervoso, principalmente no fim, e belos planos com diálogos cortantes.

O longa não amacia a vida de Grant. Apesar de retratá-lo como um desempregado carismático que ajuda mulheres no supermercado e liga para a avó, o filme o mostra em seu período preso por tráfico de drogas e começa já com um diálogo com a namorada sobre traição. O quebra-cabeças se encaixa sem muitas arestas (ok, o final com cenas da filha real de Grant vai um pouco além da conta) até chegar à fatídica hora da brutalidade policial, registrada por diversos celulares.

O filme é construído para que o destino de Grant seja apenas o catalisador das emoções costuradas pelo roteiro de Coogler, alcançando a emoção que todo júri de Oscar adora. Ironicamente, o filme é produzido por Forest Whitaker, que protagoniza "The Butler", de Lee Daniels, outra aposta para o Oscar 2014.


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