Terror dos cineastas mais intelectuais, os adolescentes marcaram o segundo dia do 66º Festival de Cannes. Os dois principais filmes de quinta-feira (16), "Jeune et Jolie", de François Ozon, e "Bling Ring: A Gangue de Hollywood", de Sofia Coppola, tratam de jovens em busca de identidade.
"Jeune et Jolie" conta a história de Isabelle, uma adolescente (Marine Vacth) que decide se prostituir --não por dinheiro, mas por querer experimentar. "Ela não pede desculpas pelos seus atos e foi isso o que me atraiu para aceitar o papel", diz Vacth.
"O tema do roteiro é a adolescência e como o corpo muda nessa época", diz o francês, que distribui bem a provocação sobre o poder feminino em um filme que evita julgamentos.
Isabelle usa internet e mensagens de texto para marcar encontros. Já o grupo de "Bling Ring" usa os mesmos meios para investigar celebridades. Com um clique, localizam as casas de Paris Hilton ou Lindsay Lohan. Com outro, descobrem que seus alvos estão em Londres. Com um terceiro, postam fotos da invasão das casas de famosos.
O filme é baseado em história real reportada em 2010 pela "Vanity Fair". "Fiquei fascinada quando li, porque é o retrato do que acontece hoje", diz Coppola."Aqueles meninos moravam no subúrbio de Los Angeles, cercados de celebridades. Eles queriam ser Paris Hilton por duas horas, por isso postavam tudo no Facebook. Dez anos atrás, essa história não existiria."
"Pesquisei assistindo [aos realities] 'The Kardashians' e 'The Hills', mas a principal preocupação era não transformá-los em paródias", diz Emma Watson, intérprete de Nicki e cada vez mais interessante fora de "Harry Potter". "Eu me sinto relaxada, porque agora posso falar meus diálogos sem que saibam de cor o que vou falar."