Folha de S. Paulo


Escalada às pressas, curadoria coletiva fez poucas mudanças na Virada Cultural

Mais de mil atrações espalhadas por mais de cem palcos durante 24 horas em um evento que recebeu cerca de 4 milhões de pessoas no ano passado. Afinal, quem decide quais são os artistas da Virada Cultural, onde e em que horário eles se apresentam?

Nas primeiras oito edições da festa, a tarefa ficou nas mãos de José Mauro Gnaspini. Neste ano, na primeira Virada da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) e do secretário municipal da Cultura Juca Ferreira, Gnaspini divide a curadoria com outras oito pessoas (veja abaixo).

Editoria de Arte/Folhapress

Virada Cultural 2013 tira atrações da periferia e se concentra no centro de SP
Na "maturidade" da Virada Cultural, ordem é concentrar atrações
Vereador Andrea Matarazzo quer garantir Virada Cultural anual com lei
#InstaFolha06: Fotografe a Virada Cultural e veja sua imagem na Folha

A contratação de especialistas em diferentes áreas, no entanto, teve pouco impacto na programação do evento.

"Tem mais diversidade e profundidade dentro dessa diversidade. Você acrescenta mais camadas, mas, pela grandeza do evento, talvez isso não fique tão aparente para as pessoas", diz Pena Schmidt, um dos curadores.

Uma das mudanças mais significativas da nona Virada é a volta do rap ao evento.

Editoria de Arte/Folhapress

Além dos holofotes voltados para o retorno dos Racionais MCs à programação --a última apresentação do grupo, em 2007, foi marcada por um confronto entre o público e a polícia-- e do show de Criolo, o rap terá agora um ponto dedicado ao gênero.

O palco Rio Branco - A Rua É Show receberá 24 apresentações de nomes como Emicida, Nelson Triunfo, Sombra e dois integrantes dos Racionais, KL Jay e Edi Rock.

"O rap era dissolvido em palcos, até como forma de amainar a confusão de 2007. A curadoria entende que devia dar um lugar apropriado ao rap", diz Schmidt. "A Virada é um evento que carrega a mudança e a evolução. Portanto, não é exótico ter um palco de forró e um de funk, por exemplo", completa.

Outra mudança é o destaque para as artes visuais, que não ficam mais só dentro dos museus da cidade. Intervenções como a do grupo Bijari, que construiu uma ponte luminosa sobre o vale do Anhangabaú e fez uma projeção para o Palácio da Justiça, devem chamar a atenção.

ÀS PRESSAS

Consenso entre os curadores é a falta de tempo para planejar a Virada deste ano. A comissão teve pouco mais de dois meses para conceber a programação. "Ideias ótimas apareceram, mas não tivemos tempo", diz Schmidt.

Nomes como Marisa Monte e Chico Buarque foram convidados, cobraram cachês muito altos, mas não houve tempo para negociações.

"Falta também cair a ficha para algumas pessoas de que não é hora de ganhar dinheiro, mas de fazer um preço generoso e dar um presente para o Brasil", comenta o curador Marcus Preto. (LN, MM E SM)

Veja a programação completa da Virada Cultural no site do envento.


Endereço da página:

Links no texto: