Folha de S. Paulo


Documentos sobre a vida de Hemingway em Cuba são levados para os EUA

Cerca de 2.000 documentos do escritor Ernest Hemingway foram digitalizados e levados de Cuba, onde o autor viveu e escreveu vários livros, para os Estados Unidos. Eles serão guardados pela Biblioteca John F. Kennedy, em Boston.

É a segunda leva de documentos do autor que chega aos EUA. Em 2008, 3.000 volumes já haviam sido mandados a Boston. Entre eles, estava, por exemplo, uma versão alternativa para o final do romance "Por Quem Dobram os Sinos".

Os traslados são intermediados pela Fundação Finca Vigía, cujo nome homenageia a propriedade perto de Havana onde Hemingway viveu entre 1939 e 1960, e que tem trabalhado em Cuba para preservar documentos, livros e objetos que ficaram na casa desde que o vencedor do Prêmio Nobel morreu, em 1961.

A organização foi criada em 2004 após uma viagem a Cuba de Jenny Phillips, neta do editor de Hemingway, Maxwell Perkins, e do deputado democrata James McGovern, defensor do restabelecimento das relações entre Cuba e os EUA. Durante a viagem, os americanos constataram que a casa do autor estava abandonada e que muitos dos escritos eram armazenados em um porão úmido.

Após longas negociações entre Cuba e os EUA, a permissão foi dada para que fossem enviadas equipes de restauração a Cuba para ajudar a salvar os documentos. A fundação também pretende restaurar e manter a casa.

Efe
As primeiras páginas do passaporte de Ernest Hemingway, expedido em 1934 para uma viagem à França
As primeiras páginas do passaporte de Ernest Hemingway, expedido em 1934 para uma viagem à França

Entre os 2.000 registros que foram digitalizados, estão passaportes mostrando itinerários de viagens feitas por Hemingway, cartas, listas de compras, longas contas de bar e cadernos manuscritos com observações meteorológicas, incluindo ameaças de furacões.

Para Sandra Spanier, pesquisadora de Hemingway na Universidade do Estado da Pensilvânia que analisou os documentos, o acervo irá ajudar biógrafos. "Embora não haja uma descoberta bombástica, esses novos detalhes adicionam textura e nuance para a compreensão de Hemingway."

Há uma nota confidencial que Hemingway escreveu a atriz Ingrid Bergman, dizendo que ele queria que ela ficasse com o papel principal na versão cinematográfica de "Por Quem os Sinos Dobram", contracenando com Gary Cooper no filme de 1943.

Os documentos também revelam mais sobre o papel de Hemingway na Segunda Guerra Mundial. Em 1942, ele foi autorizado pela Embaixada dos Estados Unidos a patrulhar a costa norte de Cuba em seu barco de pesca, em busca de submarinos alemães.

COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS


Endereço da página: