Folha de S. Paulo


Nos EUA, mãe pede à escola que proíba "Diário de Anne Frank" por ser "pornográfico"

O livro "O Diário de Anne Frank" corre o risco de ser banido de uma escola nos Estados Unidos por conter partes em que a garota judia relata algumas descobertas anatômicas que envolvem seu órgão genital.

A obra, em que Anne conta o cotidiano de sua família, escondida num sótão para fugir dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi chamada de "pornográfica" por Gail Horalek, mãe de uma aluna da sétima série de Northville, no Estado do Michigan.

Para sustentar sua tese, Horalek citou uma passagem da versão "definitiva" do livro, que inclui material ausente da primeira edição, publicada em 1947 por Otto, pai de Anne.

"Até eu ter 11 ou 12 [anos], eu não percebi que havia outros lábios dentro [da vagina], porque não podia vê-los. O que é mais engraçado é que eu achava que a urina saía do clitóris", escreve a garota em um trecho.

Segundo Horalek, esse tipo de descrição fez sua filha se sentir desconfortável, e ela reclama que a escola deveria ter alertado os pais sobre esse conteúdo.

"É inapropriado para um professor passar esse tipo de material, quando é na verdade trabalho dos pais transmitir aos filhos essas informações."

A mãe entrou com uma reclamação formal junto à diretoria da escola para que o livro seja banido da instituição. O caso está sendo analisado.

No entanto, alguns órgãos, como o Projeto Direito das Crianças de Ler, a Coalizão Nacional Contra a Censura, a editora Bantam Books (responsável pelo livro nos EUA), o Conselho Nacional de Professores de Inglês, entre outros, estão pressionando a escola para que não atenda o pedido da mãe. Eles escreveram uma carta ao colégio em que defendem a obra e seus trechos mais gráficos.

"A passagem em questão se relaciona a uma experiência que pode acontecer a qualquer um dos seus estudantes: mudanças físicas associadas à puberdade. Anne não tinha livros ou amigos para responder suas perguntas, então ela era forçada a confiar em suas observações. A literatura prepara estudantes para o futuro, provendo oportunidades de explorar problemas que eles podem encontrar durante a vida. Uma boa educação depende da proteção ao direito de ler, perguntar, questionar e pensar por si próprio", diz o documento assinado pelas instituições.


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