Àquela altura, 38 candidatos já haviam sido eliminados. O clima era dramático e tenso. Apenas Di Presley e Elvinho podiam ser declarados o melhor cover do Rei do Rock.
Os organizadores norte-americanos seguravam o envelope com o resultado e um coro de dezenas das pessoas que foram ver a final do São Paulo Elvis Festival, na tarde de sábado, no Círculo Militar, gritava: "El-vi-nho! El-vi-nho!".
Era clara a preferência pelo paulista --Álvaro Martins, 33, aliás--, um dos mais aplaudidos nas apresentações dos dez finalistas, momentos antes. Cada um cantou três canções e a versão de Elvinho para "Suspicious Minds" havia conquistado os corações e os gritos das mulheres diante do palco.
"Thank you, baby!", agradeceu ao final da apresentação em bom inglês, como todos os finalistas. A imitação do Rei do Rock não se limitava às roupas e ao canto. O gestual e a incorporação do personagem --que implicava a comunicação com o público em inglês-- estavam entre os 13 quesitos avaliados pelos oito jurados.
Do outro lado estava o advogado criminalista gaúcho Di Presley, também conhecido como Diogo Leichtweis, 32. Apesar de ter nascido depois da morte do cantor, ele diz ouvi-lo desde a infância. "Conflitava com o Balão Mágico!".
Di Presley, vestido com roupa idêntica a uma usada por Elvis nos anos de 1973 e 1974 --"custou US$ 3.700 mais impostos"-- também havia levantado o público ao entoar "Unchained Melody" no teclado.
Mas o gesto saiu caro. Pelo regulamento, os competidores só poderiam cantar, dançar e, no máximo, tocar violão. A sentada ao teclado retirou 25 pontos ao cover, ou, melhor dizendo, ETA (sigla em inglês para "Elvis Tribute Artist", como eram chamados no evento).
"Assinei o regulamento há seis meses. Não me lembrava desse detalhe", disse, ao saber da aplicação da penalidade.
Mesmo assim, para tristeza da plateia, venceu o gaúcho. Di Presley ganhou R$ 3.000 e o direito de participar do concurso de ETAs promovido pela mesma empresa em Memphis, Estados Unidos, em agosto, dentro da programação da "Elvis Week" da cidade.