Folha de S. Paulo


Studio SP fecha as portas com rap e presença da polícia do lado de fora

Após oito anos de atividades, o Studio SP fechou suas portas na madrugada desta sexta-feira (3) com uma série de convidados no palco.

No esquema da Seleta Coletiva, festa pilotada por Daniel Ganjaman, o produtor e uma banda fixa --formada por Thiago França (sax e flauta), mais três instrumentistas de sopro, Sérgio Machado (bateria) e Mauricio Bade (percussão)-- receberam nomes acostumados a se apresentar na casa do Baixo Augusta, conhecida por ter servido de palco para revelar novos artistas da música brasileira.

A noite, marcada por breves apresentações de cada uma das atrações, teve início com o Metá Metá (grupo de Thiago França, Kiko Dinucci e Juçara Marçal), sucedido de Curumin, Kamau, Tulipa Ruiz e Criolo.

O MC do Grajaú, sempre acompanhado de DJ Dandan, foi, aos poucos, recebendo convidados no palco, reforçando a força do rap nacional. O primeiro a dividir a cena com Criolo foi Emicida em interpretação de "Mariô". Cada um que subia no palco, por lá permanecia. Foi assim com Criolo, que recebeu Emicida, que chamou Rael da Rima, que convocou DJ Nyack, que foi sucedido por Kamau.

Jefferson Coppola/Folhapress
Público antes do show do Copacabana Club no Studio SP, em abril
Público antes do show do Copacabana Club no Studio SP, em abril

Antes de tocar um dos últimos temas da noite, "Cerol", de Criolo, Emicida dedicou a música e a noite de celebração do rap ironicamente ao cantor Lobão. A sátira do rapper foi corroborada por Ganjaman. "Fechar os ouvidos pra isso [para o rap nacional] é uma puta ignorância."

Em reportagem publicada na Folha nesta quarta, Lobão criticou o rap brasileiro, citando nomes como Racionais, Emicida e Criolo. "Emicida, Criolo, todos têm essa postura, neguinho não olha, não te cumprimenta. Vai criar uma cizânia que nunca teve, ódios [raciais] estão sendo recrudescidos de razões históricas que nunca aconteceram aqui", disse Lobão, que lança nesta semana o livro "Manifesto do Nada na Terra do Nunca".

Parte da plateia do Studio SP começou a xingar o cantor carioca. Os músicos pediram que fossem ditas apenas palavras "do bem, sem ofensas", e foram atendidos.

Do lado de fora da casa, localizada na rua Augusta, cerca de cem pessoas acompanhavam o show por um telão instalado na fachada do Studio SP. Com a falha de transmissão em alguns momentos, com cortes de áudio e de imagens, quem não conseguiu comprar um dos 350 ingressos para estar do lado de dentro começou a protestar. A Polícia Militar estava na porta do estabelecimento e foi vaiada pelo público.

Do lado de dentro, o empresário Alê Youssef subiu ao palco, agradeceu ao público e aos músicos, e também pediu à PM que esperasse mais um pouco até o fim da festa.

No último dia 11, Youssef anunciou que a casa, que recebeu cerca de 2.500 shows, fecharia. Uma das principais razões divulgadas por ele foi a especulação imobiliária na região.


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