Folha de S. Paulo


Artistas se unem para tentar salvar sociedade de autores teatrais ameaçada por dívidas

Um grupo de cerca de cem pessoas ligadas ao teatro --autores, diretores, atores, donos de salas-- reuniu-se na noite de quarta (24), no Rio, para tentar encontrar soluções para a crise que ameaça extinguir a Sbat (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais), criada em 1917 e atualmente atolada em dívidas, processos trabalhistas e na falta de renda, pela evasão de associados.

O encontro, no teatro Ipanema, aconteceu a partir de um desesperado apelo, em forma de e-mail, enviado por Aderbal Freire-Filho, 71, um dos principais diretores teatrais do país e a figura que tem estado à frente da Sbat desde 2006, inicialmente como conselheiro e, a partir de 2011, sem vínculos formais. A sociedade, responsável por arrecadar os direitos autorais das peças de seus associados (entre os quais ainda figuram nomes como Chico Buarque, Dias Gomes, Plínio Marcos e Ana Maria Machado), atravessou anos de má administração e desvios que a levaram à crise atual, cujo ponto de culminância foi a renúncia da última diretoria eleita, em 2004.

Entre os presentes na reunião de quarta-feira estavam atores como Gracindo Jr., Tonico Pereira, Marieta Severo e Andrea Beltrão, e autores como Bôsco Brasil e Rodrigo Nogueira. Após uma apresentação em que listou o histórico da Sbat, seus problemas atuais e o esforços que têm sido feitos para tentar salvá-la --como a renegociação e o pagamento das dívidas trabalhistas (um total de cerca de R$ 1,5 milhão), e a criação de um projeto de lei para tentar conseguir isenção das dívidas tributárias (que chegam a quase R$ 8 milhões)--, Aderbal afirmou que "mesmo com enorme precariedade, a Sbat continua funcionando", e conclamou seus colegas à ação.

Paula Giolito/Folhapress
O diretor Aderbal Freire-Filho
O diretor Aderbal Freire-Filho

"Lanço um desafio aos autores jovens, aos amigos, às pessoas que se interessam. Hoje, a Sbat não é de ninguém. Ela chegou no ponto mais baixo e está num ponto ideal para começar de novo." Entre as propostas surgidas durante a reunião estavam a de montagem de peças com a renda das sessões dedicadas à Sbat, a criação de um sistema coletivo de doações mensais, que ajudassem a manter ao menos a operação básica da sociedade, atualmente reduzida a quatro funcionários (com salários atrasados há cinco meses), e a criação de uma Associação dos Amigos da Sbat semelhante à que foi criada em São Paulo --e que reune o diretor Ivam Cabral, o dramaturgo Lauro César Muniz e o advogado Dinovan Dumas de Oliveira, além do próprio Aderbal.

OFICINAS DE DRAMATURGIA

Entre as ações práticas já em delineadas está uma série de oficinas e laboratórios de dramaturgia, na sede da Sbat, no Rio, coordenadas por Marcia Zanelatto e ministradas por personalidades como o ator Gregório Duvivier, o autor Jô Billac e o diretor Pedro Brício (veja programação abaixo). "Essas oficinas têm o objetivo de gerar renda para podermos pagar os funcionários, que estão há cinco meses sem receber salário", diz Aderbal.

O grupo de artistas marcou nova reunião para o próximo dia 7, às 19h, na sede da Sbat (av. Almirante Barroso, 97, 3° andar, Centro, Rio).

Programação das oficinas:

- Laboratório de Drama, com Pedro Bricio - dias 6, 13, 20 e 27/5, das 18h30 às 20h30

- Oficina Prática de Leitura Dramatizada, com Renata Mizrahi - dias 7, 14, 21 e 28/5, das 18h30

- Laboratório de Humor, com Gregório Duvivier (dia 8/5), Leandro Muniz (15/5), Camilo Pelegrini (22/5) e Marcio Libar (29/5), das 16h às 18h

- Self Service - Escreva Agora sua Cena, com Marcia Zanelatto (dias 8 e 22/5) e Jô Bilac (dias 15 e 29/5), das 12h às 13h30

- Uma Construção do Personagem, com Daniela Pereira de Carvalho - dias 9, 16, 23 e 30/5, das 18h30 às 20h30

ONDE Sbat - Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (av. Almirante Barroso, 97, 3° andar, Centro, Rio)
QUANTO R$ 100 por mês (para filiados à Sbat), R$ 200 por mês (não filiados) ou R$ 70 por aula (sem direto a certificado)
INSCRIÇÕES programasbat@gmail.com ou 0/xx/21/8404-5633


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