Folha de S. Paulo


Cartas enviadas por J.D. Salinger na juventude são descobertas após décadas

Uma série de cartas de autoria do romancista norte-americano J.D. Salinger recém-reveladas trazem à tona um lado desconhecido do recluso escritor, morto em 2010.

Escritas entre 1941 e 1943, as cartas foram adquiridas pela Morgan Library & Museum, de Nova York, e reveladas ao jornal "The New York Times". A correspondência foi enviada a uma aspirante a escritora que vivia em Toronto, no Canadá, chamada Marjorie Sheard, que era leitora assídua dos contos publicados por Salinger em revistas americanas.

De acordo com o jornal, as cartas revelam um jovem de personalidade semelhante a do protagonista de "O Apanhador no Campo de Centeio", Holden Caulfield. Pelas mensagens, Salinger aparentava ser um rapaz brincalhão e emotivo.

Em uma determinada carta, Salinger, então com 22 anos, pede a Sheard que opine sobre uma história que estava escrevendo, sobre um certo Holden Caulfield, que ele iria publicar na revista "The New Yorker". "É a história de um estudante indo viajar no feriado de Natal", escreveu.

AP
O escritor J.D. Salinger, de "O Apanhador no Campo de Centeio"
O escritor J.D. Salinger, de "O Apanhador no Campo de Centeio"

Na época, o editor ficou tão empolgado com o personagem que pediu a Salinger que escrevesse uma série completa de contos sobre ele. "Vou tentar manter a história, mas se sentir que estou perdendo minha voz, desisto", escreveu o autor em uma carta seguinte.

Mais tarde, ele pede a Sheard que não mencione com ninguém a história de Holden Caulfield, pois havia a possibilidade de que os capítulos fossem, no futuro, reunidos em um livro. Publicado primeiro em revista, o personagem seria modificado por Salinger e ganharia as livrarias em 1951, em "O Apanhador no Campo de Centeio", o romance mais conhecido do escritor.

O escritor enviou um total de nove cartas em cerca de dois anos. Sheard tem 95 anos e mora em uma casa de repouso no Canadá. Ela mantinha as cartas trocadas com Salinger em uma caixa de sapatos e apenas decidiu vendê-las ao museu para custear suas despesas pessoais.

Apesar dos conselhos e incentivos de Salinger, ela jamais chegaria a publicar um livro.


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