O escritor peruano Mario Vargas Llosa, 77, abriu na noite desta quarta-feira a edição 2013 do ciclo Fronteiras do Pensamento com uma conferência sobre a banalização da cultura.
O Prêmio Nobel falou durante uma hora, no teatro Geo, em São Paulo, sobre o tema "A Civilização do Espetáculo", nome de livro publicado por ele em espanhol no ano passado e com lançamento previsto para setembro no Brasil.
"A cultura não é o mesmo que já foi no passado. O conceito de cultura é tudo, então de certa forma é nada", resumiu o escritor.
Ele exemplificou citando alguns usos do termo cultura na mídia: "Cultura heterossexual", "cultura do reggae", "cultura da cocaína".
Avener Prado/Folhapress | ||
Escritor peruano Mario Vargas Llosa abre em São Paulo edição 2013 do ciclo Fronteiras do Pensamento |
Vargas Llosa disse que teve a ideia de fazer o livro quando visitou há mais ou menos dez anos uma edição da Bienal de Veneza. "Não levaria nenhum daqueles quadros para casa. E pior, tive a sensação de que estavam tirando sarro da minha cara."
As artes plásticas contemporâneas foram os grandes alvos do discurso. Como já havia feito em outras ocasiões, criticou em especial o artista britânico Damien Hirst, que considera o emblema desta frivolização da arte. O universo artístico está virando uma grande Disneylândia, acrescentou.
Segundo o intelectual, que já havia participado do ciclo Fronteiras do Pensamento em 2010, pouco depois de ganhar o Nobel, a mesma cultura que nos tirou das grutas e nos levou às estrelas pode, desprovida de fogo, de vigor, nos fazer retroceder às cavernas.