Folha de S. Paulo


Segundo dia do Fashion Rio tem boa estreia, streetwear de luxo e turma da Mônica

Uma roupa jovem, bem feita e com preço camarada. Essa fórmula tem impulsionado o sucesso da rede varejista Maria Filó, que fez sua estreia nesta edição do Fashion Rio.

A marca começou com o pé direito, explorando a estética oriental, um dos hits das últimas temporadas. Os gigantes asiáticos, que dominam as vendas e os negócios do setor atualmente, estão também no topo do imaginário fashion da hora.

Uma série de vestidos de festa e outros mais casuais. Brilhos e ornamentos misturados a propostas mais minimalistas, com bonitas estampas localizadas. Moças bonitas e bem vestidas na passarela, sem complicação e com charme: uma receita que agrada e cabe na agenda e no orçamento de boa parte das consumidoras.

A Maria Filó não mudará os rumos do design e, falando com o tanto de realismo necessário, nenhuma grife do evento o fará tão cedo. Mas não se trata mais disso, afinal.

Desfiles como os do Fashion Rio são hoje uma vitrine para que moças e senhoras se vejam na passarela. Não é mais uma questão de desejar looks conceituais ou observar vanguardas, mas de enxergar nos desfiles um tipo de amostragem de tudo o que é possível, comprável e usável.

Esse choque de realidade não facilita a vida nos críticos e obviamente não enche os olhos dos fashionistas, sobretudo dos mais experientes. Porém, essa configuração pode ser bastante adequada aos negócios de algumas marcas.

A Espaço Fashion, por exemplo, fez um de seus melhores desfiles nesta estação. As estilistas esqueceram seus experimentos mais esquisitos que, na maioria das vezes, afinal, não representavam nenhum grande feito fashion. Eram apenas esquisitices.

No lugar disso, investiram numa apresentação direta daquilo que suas clientes admiram, daquilo que elas procuram quando vão às lojas. Bons sapatos, mochilas bacanas, algumas tendências do momento (grafismo, esportivo-chic etc). E deu certo. Um streetwear de luxo bem feito.

Até mesmo na moda praia essa regra da valorização do que dá certo parece funcionar. A Blue Man, primeira grife de beachwear a desfilar nessa temporada, apresentou sua coleção no Palácio São Clemente, um dos endereços oficiais do governo português no Brasil.

Apesar da locação luxuosa, os biquínis e maiôs iam direto ao assunto. Investindo, de novo, no tropicalismo que fez a grife decolar e virar hit nos anos 80. Araras, sim, por quê não? Misturadas com o espírito de "realeza", a síndrome de princesinha do mar que não sai da pele carioca. Funk na trilha, champagne nas taças. E tanguinhas ousadas, porque é disso que a praieira gosta.

Vinda de São Paulo, a Iódice pegou essa onda e rejuvenesceu sua coleção com propostas mais acessíveis, uma espécie de "sexy para todos". Na plateia, Adriane Galisteu aplaudia ao lado de Valeska Popozuda, uma dupla interessante para exemplificar o mix de produtos da marca.

Até o único desfile fora do line-up investiu na ideia de moda para as massas. A Apoena, grife que surgiu do trabalho de uma ONG e que já havia se apresentado em outras edições, mostrou um simpático desfile inspirado na Turma da Mônica. Para divulgar suas peças artesanais, chamou o reforço do estilista Walter Rodrigues e pediu ajuda a um dos personagens mais queridos do Brasil.

Maurício de Sousa apareceu com a filha Mônica, musa-inspiradora da baixinha briguenta. A plateia se emocionou e o nome da ONG circulou Brasil afora.

Pano e circo para uma parcela de público bastante respeitável.


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