Folha de S. Paulo


Marcos Mendonça defende TV Cultura para as classes C, D e E

Marcos Mendonça, ex-secretário estadual de Cultura (1995-1998 e 1999-2002) e ex-presidente da Fundação Padre Anchieta (2004-2007), que gere a TV Cultura, é o nome mais cotado para assumir a direção da emissora pública paulista a partir de maio, substituindo João Sayad.

Até agora, Mendonça é o único candidato e está em plena campanha: diz que tem conversado com cada um dos membros do conselho da Fundação Padre Anchieta, que em maio próximo elegerá o novo presidente.

Quanto ao apoio do governador Geraldo Alckmin, Mendonça é categórico: "Tenho certeza de que ele gostaria de me ver no cargo".

Marlene Bergamo/Folhapress
Marcos Mendonça, até agora candidato único à presidência da Fundação Padre Anchieta
Marcos Mendonça, até agora candidato único à presidência da Fundação Padre Anchieta

Para o candidato, a programação atual da TV Cultura "peca por uma coisa: perdeu muito em áreas voltadas às artes, como literatura e teatro. E conta com uma quantidade gigantesca de produções estrangeiras".

Segundo Mendonça, "é preciso encorajar a produção brasileira. Como a gestão atual fez em 'Pedro e Bianca', que merece todos os elogios".

Como sua gestão se diferenciaria da atual? "A gestão Sayad teve inegáveis méritos. Fez um rearranjo administrativo muito positivo, mas, por outro lado, fechou a TV Cultura. Sou mais aberto ao diálogo do que ele", alfineta.

"Tenho um bom trânsito no mundo empresarial e entre a classe política. O governo do Estado é o principal financiador [da TV] e tem que ser um grande aliado."

Oficialmente, Sayad tem afirmado que cumpriu sua missão e se dá por satisfeito. Nos bastidores, sabe-se que a nomeação de Mendonça não é de seu agrado e que episódios como a exibição de um "Roda Viva" com José Dirceu um dia após a eleição de Dilma teriam azedado a relação de Sayad com o PSDB.

Em sua gestão, Sayad implementou um plano de reestruturação administrativa com cortes de 984 vagas (46% dos funcionários).

TV EDUCATIVA

Mendonça diz que sua meta seria voltar a programação da Cultura para a audiência das classes C, D e E. "Hoje, as faculdades estão lotadas de jovens de origem pobre, que buscam essa elevação. A TV Cultura deve servir como ferramenta para fazê-los crescer em termos de cidadania."

Mendonça diz também pretender montar um canal voltado exclusivamente para a área de educação --a professores e alunos, e com ensino a distância.

Com que verba? "Sou fadado a vencer desafios de ordem financeira. Há 'n' empresas no mercado preocupadas com responsabilidade social, com foco na educação. A ideia é buscar parcerias."

Mendonça diz ainda que vai retomar um projeto de teledramaturgia com a participação do diretor teatral Antunes Filho, iniciado em sua gestão anterior, mas descontinuado. "A missão será encontrar uma linguagem diferente da TV comercial."

Mendonça criticou a política pública do governo federal no que diz respeito à área museológica ("em estado deplorável"), à preservação do patrimônio ("é uma coisa criminosa o que não se está fazendo") e à criação da TV Brasil ("um volume de recursos enorme sem o retorno que deveria ter dado").

Em relatório apresentado ao conselho, Sayad exibiu números de audiência da TV em 2012, que subiram 19% com relação a 2011 --de 0,9 para 1 ponto do Ibope. Quando Sayad assumiu a direção da TV, em 2010, a média era de 1,2. Cada ponto equivale a 62 mil domicílios na Grande São Paulo.


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