Os depoimentos dos jovens que aparecem na abertura de "Alma da Gente" exibem um quadro de exclusão, de vivência de riscos em áreas violentas e de falta de perspectivas.
Com este ponto de partida, o filme busca dar visibilidade a quem não tem, mas também pode ser confundido com dezenas de outros registros da injustiça brasileira. O público característico de festivais reage emocionado e dá o assunto por resolvido.
Aos poucos, "Alma da Gente" escapa do esquematismo ao compor um registro da rotina dos jovens na participação num projeto conduzido pelo coreógrafo Ivaldo Bertazzo na Favela da Maré, no Rio.
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| Cena do filme "Alma da Gente" |
Em meio à progressão dos ensaios, "Alma da Gente" capta sonhos e anseios de alguns dos participantes. A dança emerge como experiência estética inédita para a maioria deles. Essa descoberta do "belo" carrega consigo outra, que aponta um lugar próprio, um estar no mundo e o impulso para ocupá-lo.
Onde ensaiam, vemos evoluir o aprendizado em meio às dificuldades impostas pelo diretor. Fora dali, o documentário mostra alguns jovens levarem o que aprenderam para onde vivem.
Depois de acompanhá-los até o resultado do trabalho, o filme alcança o grupo de personagens, com uma elipse de choque, dez anos depois. Como nos filmes de suspense, o reencontro tem um impacto que arranca o espectador da zona de conforto.
| Editoria de Arte/Folhapress | ||
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Aparecem gravadas experiências reveladoras de como indivíduos, meio e oportunidades se combinam, geram novos resultados ou desaparecem tragicamente.
Entre o passado e o presente, o documentário ultrapassa o limite do olhar sociológico e tem a grande vantagem de não reduzir seus protagonistas ao papel de vítimas.
ALMA DA GENTE
DIREÇÃO Helena Solberg e David Meyer
PRODUÇÃO Brasil, 2013
ONDE Mostra Competiva do É Tudo Verdade - Cine Livraria Cultura, em SP (domingo, às 21h; seg., às 13h), e Cinépolis Laggon, no Rio (ter., às 21h; qua., às 15h)
CLASSIFICAÇÃO não informada
AVALIAÇÃO bom