Folha de S. Paulo


Familiares e artistas prestam suas últimas homenagens a Emílio Santiago

O enterro do cantor Emílio Santiago, morto na última quarta-feira (20), aos 66 anos, é marcado por homenagens de familiares e artistas. A cerimônia acontece no cemitério Memorial do Carmo, no bairro do Caju, zona norte do Rio.

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O músico Carlinhos Brown afirmou que Santiago era a voz mais internacional do Brasil. "Foi um grande poeta porque sempre soube escolher bem suas músicas, o que descia bem pela garganta. Estamos de luto. A música perde uma de suas maiores vozes", disse.

Segundo o cantor e ator Tony Tornado, Santiago era "o melhor cantor que havia no Brasil". "Ele extrapolou os limites das suas canções. Ele nos deixa em um momento ruim para a música brasileira."

O sambista Neguinho da Beija-Flor disse que a perda do amigo não tem tamanho. "É uma perda sem tamanho para os amigos e a MPB. Emílio é uma daquelas vozes inesquecíveis", afirmou.

O produtor musical Luís Carlos Miele disse que Santiago vestiu a camisa de Wilson Simonal, na sua opinião, o maior cantor do país. "Emílio era popular, uma referência para gravações de bossa nova", disse.

Ele morreu nesta quarta, aos 66 anos. Santiago estava internado desde o dia 7 de março, após sofrer um AVC --acidente vascular cerebral-- isquêmico e teve teve complicações respiratórias e no coração, segundo informações do hospital Samaritano, em Botafogo.

O velório do cantor foi realizado na Câmara Municipal do Rio, em uma cerimônia aberta aos fãs, na última quarta-feira (20).

"Emílio Santiago foi um dos maiores cantores do Brasil. Era de um bom gosto impressionante. Era um grande intérprete", disse a cantora Nana Caymmi, que esteve no local.

A atriz Marília Pêra também compareceu ao velório e lembrou que a presença do cantor era constante em seus espetáculos. "Ele sempre me prestigiava. Tinha uma técnica vocal muito apurada. Um timbre de voz especialíssimo, uma coisa divina.

Já a cantora Alcione afirmou que com a morte do colega, se sente meio viúva. "Ele era tudo, como se fosse da minha família. Grande amigo e grande irmão. O Brasil perde mais uma voz masculina. Agora só temos o Cauby [Peixoto]", disse.

Nascido no Rio de Janeiro, em 1946, Emílio Santiago cursou direito na década de 1970, estimulado por seus pais.

Em sua casa, costumava escutar canções de Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto e Anísio Silva. A bossa nova, em especial João Gilberto, também eram algumas das preferências do bacharel.

Estimulado por amigos, que conheciam seu gosto pela música, começou a participar de festivais. Apresentou-se também na televisão, no programa "A Grande Chance", apresentado por Flávio Cavalcanti, chegando às finais.

Em 1973, gravou para a Polydor seu primeiro compato, "Transas de Amor". O primeiro disco veio em 1975, lançado pela CID. Produzido por Durval Ferreira, o álbum "Emílio Santiago" continha canções de compositores como Ivan Lins, Jorge Ben Jor e Nelson Cavaquinho.

No ano seguinte, transferiu-se para a gravadora Philips/Polygram, em que permaneceu até 1984.

Em 1988, convidado por Roberto Menescal e Heleno Oliveira, fez o primeiro disco da série "Aquarela Brasileira", projeto da Som Livre dedicado à releituras de clássicos brasileiros, com o qual atingiu o sucesso.

Em 2000, assinou com a Sony Music. Seu trabalho de estúdio mais recente é "Só Danço Samba", de 2010, que homenageia Ed Lincoln e marcou a comemoração de seus 40 anos de carreira.

Entre os maiores sucessos gravados em sua voz estão "Saygon", "Lembra de Mim" e "Verdade Chinesa".


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