Folha de S. Paulo


Voz de Santiago era mais 'rica' que a de Nat King Cole, disse crítico do "New York Times"

"A voz de Emílio Santiago era mais suave e profunda que a de Nat King Cole", escreveu o crítico de música do "The New York Times", em um artigo publicado em 24 de abril de 2009, na edição impressa do jornal.

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Santiago se apresentou na noite de 23 de abril daquele ano, ao lado de Dori Caymmi, filho de Dorival Caymmi, no BossaBrasil Festival, em Nova York. Entusiasmado, o crítico classificou o show como "um diálogo íntimo musical, suave e ao mesmo tempo áspero".

"A suavidade incorporada por Santiago, apelidado de Nat King Cole do Brasil [1919-1965], tem sido sua marca desde meados dos anos 1970. Sua voz é mais rica e profunda do que a de Cole e a comparação é aplicável apenas ao se considerar que ambos são cantores 'polidos'. Santiago é um 'sambista muscular'", descreveu Stephen Holden, em referência ao cantor e músico de jazz norte-americano Nat King Cole, que imortalizou canções como "Mona Lisa", "Stardust" e "Unforgettable".

O crítico destacou, ainda, a mistura de romantismo e a maturidade da interpretação de Emílio Santiago. "Nas interpretações de Emílio Santiago, o narrador não era um adolescente ansiando por uma menina que passa por Copacabana, mas um homem vigoroso celebrando a força da vida, o prazer da beleza e da intensidade do desejo."

Nascido no Rio, em 1946, Emílio Santiago cursou direito na década de 1970, estimulado por seus pais.

Em sua casa, costumava escutar canções de Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto e Anísio Silva. A bossa nova, em especial João Gilberto, também eram algumas de suas preferências.

Estimulado por amigos, que conheciam seu gosto pela música, começou a participar de festivais. Apresentou-se também na televisão, no programa "A Grande Chance", apresentado por Flávio Cavalcanti, chegando às finais.

Em 1973, gravou para a Polydor seu primeiro compacto, "Transas de Amor". O primeiro disco veio em 1975, lançado pela CID. Produzido por Durval Ferreira, o álbum "Emílio Santiago" continha canções de compositores como Ivan Lins, Jorge Ben Jor e Nelson Cavaquinho.

No ano seguinte, transferiu-se para a gravadora Philips/Polygram, em que permaneceu até 1984.

Em 1988, convidado por Roberto Menescal e Heleno Oliveira, fez o primeiro disco da série "Aquarela Brasileira", projeto da Som Livre dedicado à releituras de clássicos brasileiros, com o qual atingiu o sucesso.

Em 2000, assinou com a Sony Music. Seu trabalho de estúdio mais recente é "Só Danço Samba", de 2010, que homenageia Ed Lincoln e marcou a comemoração de seus 40 anos de carreira.

Entre os maiores sucessos gravados em sua voz estão "Saygon", "Lembra de Mim" e "Verdade Chinesa".


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