Folha de S. Paulo


Prêmio Shell de SP destaca montagens feitas por coletivos

O Prêmio Shell de São Paulo refletiu a consolidação das companhias estáveis no cenário da capital. A premiação realizada na terça-feira (12) mostrou que têm mais chances de concorrer ao prêmio (e ganhá-lo) os trabalhos propostos por coletivos.

O espetáculo que mais arrebatou prêmios, por exemplo, tem texto escrito a seis mãos: Sandra Corveloni, Lara Hassum e Mateus Monteiro, com base em peças e na biografia de Molière (1622-1673), escreveram "L'Illustre Molière". Dirigida por Corveloni, a peça da Companhia D'Alma levou troféus nas categorias melhor ator (Guilherme Sant'Anna), figurino (Zé Henrique de Paula) e música (Fernanda Maia).

Ao lado de "L'Illustre Molière", a peça "Recusa", da Cia de Teatro Balagan, era a outra favorita da noite, com quatro indicações. Acabou levando dois troféus: Maria Thaís foi laureada como melhor diretora, e Márcio Medina, como melhor cenógrafo.

Editoria de Arte/Folhapress

A premiação destes dois nomes coloca em evidência não apenas o trabalho de cada um deles, mas a parceria estabelecida há mais de dez anos. Quem acompanhou a trajetória da Balagan sabe como o trabalho de Medina se combina com o de Thaís em sistema de coautoria.

O mesmo se aplica à iluminação de Guilherme Bonfanti, vencedor na categoria melhor iluminação por seu trabalho em "Bom Retiro 958 metros". Bonfanti está longe de ser um coadjuvante nas concepções do Teatro da Vertigem. Ele é um dos pilares da companhia, ao lado do diretor Antônio Araújo (não mencionado pela premiação).

Além de Araújo, a edição do prêmio deixou de destacar alguns nomes colocados em evidência pela crítica no ano passado. Entre eles, Roberto Alvim e Juliana Galdino, que propuseram dois projetos de fôlego: "Peep Classic Ésquilo", encenação das tragédias de Ésquilo, e uma mostra de encenações a partir de textos escritos por oito jovens autores. Fez falta.

A cerimônia foi conduzida pelas atrizes Beth Goulart e Nicette Bruno. Mãe e filha, no final da festa, deram voz à homenagem prestada a Ieda Ferreira, camareira com mais de 50 anos nos bastidores do teatro brasileiro.


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