Folha de S. Paulo


Antes restrito a Zé do Caixão, gênero movimenta diretores

Um gênero desprezado pelo cinema brasileiro, o horror/suspense está em alta entre produtores e diretores.

Kleber Mendonça Filho deve suceder "O Som ao Redor" com o longa de terror "Bacurau", em que uma equipe de TV vai a uma cidadezinha filmar um documentário e descobre que os cidadãos escondem vários mistérios.

"É assustador que o último projeto brasileiro do gênero tenha sido o do Mojica ["Encarnação do Demônio"] de 2008", diz o cineasta, que deve começar a filmar este ano.

Um pouco mais adiantado está "Isolados", de Tomas Portella, sobre casal (Bruno Gagliasso e Regiane Alves) que vai descansar na região serrana do Rio e se envolve em rede complexa de assassinatos.

"A estética vai agradar quem gosta do gênero. Estudamos muito o roteiro porque sabemos como é difícil fazer suspense em português", diz o diretor.

Andrucha Waddington fará "Juízo Final", roteiro de sua mulher, a atriz Fernanda Torres, sobre um acerto de contas secular passado em Minas.

Em quase todas as produtoras há um filme de horror para os próximos anos.

Daniel Aragão pretende refilmar "Martin" (1976), de George Romero. Ele acerta detalhes sobre a trama vampiresca com os produtores.

Walter Lima Jr. prepara adaptação do conto "A Outra Volta do Parafuso", de Henry James. Já a Imagem filmes produz uma espécie de "Pânico", chamado "O Rastro".

Dennison Ramalho, assistente de direção de "Encarnação do Demônio", defenderá em seu mestrado em Nova York a tese "Cruz das Almas", sobre uma "simpatia para trazer seu amor de volta que dá errado". "Quem sabe o Brasil comece a se posicionar e ganhar projeção através de iniciativas de gênero", torce o roteirista. "Não vejo o que nos falta para fazer o que todos os outros países fizeram."


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