Folha de S. Paulo


Veterana, Black Keys chega ao Brasil como 'banda nova'

Talvez a "banda nova" de rock mais importante do mundo hoje, pelo menos uma das mais tocadas nas rádios (de rock), em propagandas e seriados de TV e com shows disputados de grandes arenas ou festivais, o duo americano Black Keys é atração top do Lollapalooza Brasil, megaevento musical que toma por três dias o Jockey Club de São Paulo, no final do mês.

Pela primeira vez no Brasil, o Black Keys (Dan Auerbach no vocal/guitarra e Patrick Carney na bateria), dois amigos tocadores de blues-rock saídos dos rincões de Akron, Ohio, meio-oeste americano, chega ao país com status de "headliner" e lidera a programação do sábado (30).

O "banda nova" atribuído à dupla no começo do texto, entre aspas, é provocativo. O Black Keys é contemporâneo de Strokes e White Stripes do início dos anos 2000 e já lançou sete discos. Lá pelo quinto e sexto álbuns, falamos de 2008 e 2010, respectivamente, ganhou forte reconhecimento indie. Com o sétimo, "El Camino", lançado em 2011, virou "A Banda".

Em uma era em que uma artista como a rapper Azealia Banks tem certa fama, já estampou capas e capas de revistas, tocou em festival no Brasil, mas não se sabe ainda quando exatamente ela vai lançar o primeiro (!) disco, por que levou tanto tempo para o Black Keys "explodir"?

"Realmente somos um enigma. Antigamente, era mesmo normal uma banda ficar mais popular depois que as pessoas se acostumassem com vários álbuns. Hoje, todo mundo vira hit no primeiro disco, antes até. Eu gosto de saber que nós somos uma banda muito, muito, muito anormal", disse à Folha o vocalista e guitarrista Dan Auerbach, em entrevista por telefone desde Nashville (EUA).

Banda nova, velha ou de "meia idade", nesses tempos relativos da internet, o Black Keys segue deixando a música confusa, porque demorou para bombar, mas foram muito rápido de "atração mediana de festival graças a bons discos indies" até "principal atração" de festivais como Coachella e Lollapalooza (a matriz, de Chicago), capa da "Rolling Stone" americana e vários troféus de um prêmio mainstream como o Grammy.

"Eu vejo a música hoje em dia um estilo muito fácil para quem tem alguma sorte de aparecer nos locais certos. Para a gente, foi tudo muito difícil. Cruzamos e cruzamos os EUA inúmeras vezes tocando em lugares pequenos, viajando de van, nos alimentando mal. Mas não me arrependo. A dureza de banda pequena fez a gente ser o que é hoje."

O show que São Paulo verá, se completo com os aparatos de bolas de espelho no palco que acompanham a produção em apresentações gringas, é bonito de se ver, porque a banda é bonita.

Dois caras na composição baterista-guitarrista lado a lado em um palcão enchendo de indie rock calcado no blues típico americano, transformando o ambiente em algo bem sedutor, porque a música deles é sedutora.

A dupla, segundo o líder do Black Keys, deve vir acompanhada do grupo de apoio que entra em cena em algumas músicas, as que Dan Auerbach acha que precisam ser encorpadas por uma "banda de verdade".

"Sim, vai todo mundo. Vai ser o show completo do Black Keys. Vamos levar o outro guitarrista, o baixista, o tecladista", adiantou. O próximo álbum da banda, o sucessor do importante "El Camino", deve sair este ano. O guitarrista adiantou que já tem algumas músicas ensaiadas para o novo disco. "Acho que já alcançamos metade do próximo álbum. Temos que entregar as gravações demos para nosso produtor em um mês. Talvez saia ainda este ano."

Sobre a polêmica virtual recente que envolveu a banda, que, de uma certa maneira, explicita essa história de o Black Keys agora ter oficialmente entrado no primeiro time da música popular, mundo muito além da indie music, Dan Auerbach ri.

O baterista Patrick Carney arrumou confusão depois do último Grammy com Justin Bieber, via Twitter. A repercussão foi enorme.

"Oh, man, isso é muito coisa do Patrick. Ele é assim, gozador. Foi arrumar confusões com fãs do Justin Bieber. Como eu não ligo para o Bieber e para Twitter, ele que se vire", se diverte Auerbach.

O Black Keys, jecas de Ohio que tocam blues, chegou ao conhecimento das Beliebers. A banda está famosa ou não?

BLACK KEYS NO LOLLA
QUANDO sáb., 30/3, às 21h30
ONDE Jockey Club (av. Lineu de Paula Machado, 1.263)
QUANTO R$ 175 a R$ 350, mais taxas (ingresso para um dia; três dias de festival valem de R$ 495 a R$ 990, mais taxas), em lollapalooza.showcard.com.br
CLASSIFICAÇÃO 18 anos


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