Folha de S. Paulo


Comercial "ressuscita" Audrey Hepburn e provoca debate sobre uso de imagem

A atriz Audrey Hepburn (1929-1993) foi "ressuscitada" por computação gráfica em um comercial de chocolate da marca Galaxy. A medida reascende a polêmica sobre o uso de celebridades mortas em campanhas publicitárias.

Vinte anos após sua morte, a atriz viaja de ônibus pela costa italiana, enquanto tira um chocolate de sua bolsa e observa um homem na rua. Como trilha, "Moon River", música cantada por ela em "Bonequinha de Luxo" (1961).

Veja vídeo

Segundo o tabloide britânico "Daily Mail", o vídeo levou mais de um ano para ser concretizado. A tecnologia utilizada para dar vida à atriz é chamada de CGI (Computer Graphic Imagery), recurso que permite a criação de imagens por meio de computação gráfica.

De acordo com o portal "CBS News", a autorização do uso da imagem foi dada pelos filhos de Hepburn, Sean Ferrer e Luca Dotti, que disseram à imprensa norte-americana que a mãe ficaria orgulhosa da campanha, já que "sempre foi uma fã de chocolates".

Marcas como GM, Nike e Citroën também já recorreram aos mortos para fazer campanhas. O tema, porém, é motivo de debate entre entidades que regulamentam campanhas publicitárias nos Estados Unidos.

À Folha, o professor de direito da Universidade da Virgínia Andrew McClanahan, coordenador de um grupo de estudos que avalia campanhas publicitárias nos Estados Unidos, disse que o uso da imagem de celebridades mortas em comerciais é "antiético".

"Uma coisa é produzir um holograma do rapper Tupac, como foi feito em abril de 2012, e usá-lo para simular a condução de um show com canções do artista. São as músicas dele, é uma coisa que ele faria em vida. É diferente de usar a imagem de uma celebridade morta para anunciar uma marca. A questão é: nós jamais saberemos ao certo se aquela pessoa gostaria de ter sua imagem associada ao produto em questão."

No Brasil, a Volkswagen recentemente fez uso da tecnologia para escalar o humorista Mussum, morto em 1994, como garoto-propaganda do Fusca 2013. O comercial reconstitui paisagens de São Paulo, como o Viaduto do Chá, com cenografia inspirada na década de 1970. Foram usados veículos da época e computação gráfica.

Uma pesquisa realizada pela revista "Forbes" estima que, somente no último ano, tenha sido arrecadado mais de US$ 500 milhões (o equivalente a R$ 990 mi) em publicidades que utilizam a imagem de celebridades mortas.

Arquivo Ronald Grant/as
Audrey Hepburn caracterizada como Holly Golightly, protagonista de
A atriz Audrey Hepburn como a personagem de "Bonequinha de Luxo" (1961), filme em que canta "Moon River"

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