Folha de S. Paulo


Humor de Seth MacFarlane não convence na apresentação do Oscar

Seth MacFarlane, apresentador da 85ª edição dos prêmios Oscar, cantou, dançou, se meteu com metade da plateia e usou seu humor irreverente, mas suas intervenções mais redondas foram se diluindo em uma festa de mais de três horas e meia que contou com um sem-fim de atuações musicais.

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O próprio mestre de cerimônias pareceu perceber que o espetáculo se tornou repetitivo e brincou a respeito no trecho final: "Veremos se o Oscar de melhor atriz vai para Quvenzhané Wallis, de nove anos, ou para Emmanuelle Riva (de 86), que tinha nove quando começou a festa".

MacFarlane se confirmou como uma aposta arriscada por parte dos produtores do evento, Craig Zadan e Neil Meron, e embora a imprensa especializada tenha louvado sua "incorreção" no começo, grande parte dela concordou em assinalar que suas aparições foram esporádicas demais e sem a força exibida em seus primeiros instantes sobre o palco.

Em seu discurso de abertura, se mostrou mais mordaz e não duvidou em lançar dardos envenenados a torto e a direito, provavelmente nos quais foram seus minutos mais inspirados do evento.

O criador da série "Family Guy" aproveitou para entoar a canção "We Saw Your Boobs" (nós vimos seus seios) e enumerar várias atrizes que deixaram aparecer o peito em diferentes filmes, como Charlize Theron, Penelope Cruz, Anne Hathaway e Kate Winslet. Foi, porém, o máximo de ousadia da noite.

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"Honestamente, não posso acreditar que esteja aqui. É uma honra que todos os demais tenham dito não a este trabalho. Desde Oprah Winfrey até (a estrela do pornô) Ron Jérémy", afirmou o humorista, que, como é típico do Oscar, fez um repasse dos indicados a melhor filme em tom brincalhão.

"Argo se baseou em uma história tão secreta que inclusive seu diretor é um desconhecido para a Academia", espetou MacFarlane, sobre a ausência de Ben Affleck dos indicados à categoria de melhor diretor.

"A Hora Mais Escura", o filme de Kathryn Bigelow protagonizado por Jessica Chastain, também foi alvo do humorista: "É o perfeito exemplo da inata capacidade das mulheres de serem cabeçudas quando desejam alguma coisa", disse, sobre a persistência da protagonista na operação de caça e captura de Bin Laden durante 12 anos.

Também brincou com Jean Dujardin (ganhador do Oscar de melhor ator na edição passada) e se lembrou do casal formado por Rihanna e Chris Brown.

"O Oscar claramente faz com que sua carreira decole. Vejam Jean Dujardin. Está em toda parte!", comentou em referência à escassez de títulos significativos do francês desde que ganhou a estatueta.

Prevendo as possíveis críticas à sua atuação, MacFarlane foi acompanhado no começo da festa por William Shatner encarnando o capitão James T. Kirk de "Jornada nas Estrelas", que assegurou que vinha do futuro para adverti-lo que suas brincadeiras iam coroá-lo como "o pior apresentador da história dos prêmios Oscar".

Nesse momento MacFarlane se refez e protagonizou vários números musicais, com Charlize Theron e Channing Tatum, Daniel Radcliffe e Joseph Gordon-Levitt.

Houve também homenagens aos principais musicais da última década com referências a "Chicago", "Dreamgirls - Em Busca de um Sonho" e "Os Miseráveis", cujo número com todo o elenco (Hugh Jackman, Anne Hathaway e Russell Crowe inclusos) foi um dos momentos de destaque da cerimônia.

Depois MacFarlane tentou recuperar protagonismo, mas só o conseguiu por instantes com uma ou outra pérola que provocou certa polêmica nas redes sociais.

Falando sobre a capacidade de Daniel Day-Lewis para se colocar no papel de Abraham Lincoln, afirmou: "Acho que John Wilkes Booth foi quem entrou realmente em sua cabeça", em alusão ao tiro que o ex-presidente americano recebeu e que o matou em 1865.

Também houve quem rotulasse de inadequado seu comentário sobre Javier Bardem, Penélope Cruz e a mexicana Salma Hayek. "Agora é quando aparecem e não nos entendemos nada do que dizem, mas não importa, porque eles são muito atraentes".


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