Folha de S. Paulo


"Amor", de Michael Haneke, leva o Oscar de melhor filme estrangeiro

O drama "Amor", que representa a Áustria, é o vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, na qual o chileno "No", de Pablo Larraín, aparecia como o único concorrente latino-americano.

"A Feiticeira da Guerra", do Canadá; "Expedição Kon Tiki", da Noruega, e "O Amante da Rainha", da Dinamarca, também estavam na disputa pela estatueta.

O cineasta Michael Haneke por pouco não ganhou o Oscar em 2010, quando o seu "A Fita Branca" aparecia como favorito, mas o argentino "O Segredo dos Seus Olhos", de Juan José Campanella, acabou levando o prêmio.

"É uma honra, agradeço aos meus produtores, minha equipe maravilhosa e minha mulher, que me apoia há mais de trinta anos. Obrigado aos atores Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant, sem os quais eu não estaria aqui", disse o diretor.

Haneke é conhecido por filmes diretos e, ao mesmo tempo, sentimentais, sendo "Amor" um claro exemplo disso. Algo que a Academia de Hollywood reconheceu não só com o prêmio de melhor filme estrangeiro, mas também ao indicá-lo em outras quatro categorias: melhor filme, atriz (Emmanuelle Riva), diretor e roteiro.

Nascido em Munique, na Alemanha, e radicado na Áustria, o diretor se destaca ao realizar um cinema muito distante do comercial, que, por sinal, é o que habitualmente rege o formato hollywoodiano.

Além do Oscar, "Amor" levou o Globo de Ouro e o Bafta de melhor filme estrangeiro, a Palma de Ouro em Cannes e mais quatro prêmios do Cinema Europeu: melhor filme, diretor, atriz e ator (Jean-Louis Trintignant).

"Amor" narra a última fase da vida de um dois professores de piano aposentados que precisam enfrentar a doença da mulher.

Com atores sublimes e uma narração cheia de sutilezas, Haneke deu vida a uma verdadeira lição de cinema e de humanidade, na qual todos podem refletir mesmo contra vontade.

É a segunda vez que um filme de origem austríaca conquista o Oscar --a primeira foi em 2007, com "Os Falsários", de Stefan Ruzowitzky.

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CINEMA, AVENTURA E PINOCHET

"Amor" enfrentou concorrentes de peso, como o elogiado "No", do chileno Pablo Larraín e com Gael García Bernal como protagonista.

Em "No", Larraín reconstrói o plebiscito que tirou o ditador Augusto Pinochet do poder. É a primeira vez que um filme chileno chega aos cinco indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro. "No" conquistou o prêmio Art Cinema Award da Quinzena de Produtores do último Festival de Cannes e com o qual encerra uma trilogia sobre a ditadura chilena, que começou com "Tony Manero" (2008) e "Post Mortem" (2010).

No dinamarquês "O Amante da Rainha", o diretor Nikolaj Arcel mistura história e cenografia impecáveis. O filme desliza com suavidade pela história de Christian 7º da Dinamarca. Sua doença mental, seu casamento com a jovem e desconhecida Mathilde Caroline, a relação desta com Johann Friedrich Struensee --o melhor amigo do monarca--, e, sobretudo, a tentativa dos três de dar vida a uma Dinamarca submetida às normas próprias da Idade Média.

Em 1951, o documentário que Thor Heyerdhal filmou durante a travessia feita com outros cinco homens em uma balsa, do Peru até as ilhas Tuamotu, foi premiado com um Oscar. Cinquenta e dois anos depois, uma ficção baseada nessa viagem voltou a concorrer ao prêmio. Joachim Ronning e Espen Sandberg contam uma aventura que remonta a colonização da Polinésia.

O Canadá entrou na disputa pela estatueta com uma produção que reflete o multiculturalismo do país. Rodado na República Democrática do Congo, em francês e lingala (idioma local), o filme dirigido por Kim Nguyen, cineasta canadense com origem vietnamita, conta a história de uma menina-soldado, uma das milhares de crianças que são forçadas a lutar nas guerras sem fim que fragilizam os países africanos.


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