Folha de S. Paulo


Crítica: Mostra surpreende ao associar Tomie Ohtake a artistas brasileiros

"Correspondências", a exposição que dá início às comemorações do centenário do nascimento de Tomie Ohtake, em novembro próximo, apresenta um surpreendente conjunto de aproximações com artistas brasileiros, que não são facilmente identificados com sua poética.

É o caso de artistas como Cildo Meireles e Fernanda Gomes, ou dos jovens Daniel Steegmann Mangrané (espanhol radicado no Brasil), Adriano Costa e Cadu.

Com curadoria de Agnaldo Farias e Paulo Miyada, a exposição é estruturada em três núcleos, pensados a partir da própria obra de Ohtake: gesto, cor e cosmologia.

Em cada um deles, Ohtake é vista ao lado de artistas com os quais compartilha algum tipo de raciocínio, seja formal ou conceitual.

Divulgação
Tela sem título de 1956 da artista plástica Tomie Ohtake
Tela sem título de 1956 da artista plástica Tomie Ohtake

VERTENTE POLÍTICA

É no primeiro núcleo, dedicado à gestualidade, que estão Meireles e Gomes. Nessa seção, onde o gesto é visto como as diversas formas nas quais a artista se expressa com o pincel, surge até mesmo uma vertente política de sua obra.

É o caso de uma pintura de 1990, em que se vê uma estaca sob fundo azul, a representação do objeto que índios usavam na região da Amazônia para furar o pneu de invasores de suas áreas.

O componente performático da pincelada de Ohtake é salientado no diálogo com algumas outras obras, caso do vídeo "Desenho-Corpo" (2001), de Lia Chaia, no qual a artista percorre uma caneta por seu corpo até que a tinta se acabe.

No segundo núcleo, sobre a cor, Ohtake é vista ao lado de artistas que têm na questão cromática parte importante de sua poética, caso dos pintores Paulo Pasta e Marco Giannotti.

Nesse núcleo estão ainda artistas que de fato conviveram com Ohtake --caso de nomes como Alfredo Volpi e Israel Pedrosa, um estudioso da cor no país, apesar de ser um tanto esquecido.

COSMOLOGIA

Finalmente, o último núcleo apresenta Tomie Ohtake em suas obras mais metafísicas, em que sua pintura cria imagens que lembram cosmologias.

Aí, a aproximação com artistas como Claudia Andujar, em sua clássica fotografia dos índios Ianomâmi, aponta para uma potência vital nas obras de Ohtake, que a curadoria salienta de forma vibrante.

Divulgação
Tela sem título (1994) da artista Tomie Ohtake
Tela sem título (1994) da artista Tomie Ohtake

TOMIE OHTAKE - CORRESPONDÊNCIAS
QUANDO de ter. a dom., das 11h às 20h; até 24/3; não abrirá durante o Carnaval
ONDE Instituto Tomie Ohtake
(av. Faria Lima, 201, Pinheiros -entrada pela r. Coropés, tel. 0/xx/11/2245-1900)
QUANTO grátis
AVALIAÇÃO ótimo


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