Folha de S. Paulo


Walmor Chagas foi um 'companheirão', diz Eva Wilma; leia repercussão

A atriz Eva Wilma, que atuou com Walmor Chagas no cinema, disse que o ator, morto nesta sexta-feira, foi "um grande parceiro".

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Leia abaixo a repercussão da notícia da morte do ator:

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EVA WILMA, atriz

"Foi um grande parceiro. Um excelente ator, um companheirão. Nós fizemos um clássico da cinematografia brasileira, o 'São Paulo S/A'[de Luís Sérgio Perón]. Depois disso contracenamos algumas vezes em outros trabalhos, mas o filme foi o nosso principal trabalho juntos. Fazia dois, três anos que não nos encontrávamos. Ele ficará para sempre em nossos corações."

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UGO GIORGETTI, cineasta

"A última vez que estivemos juntos foi no dia 4 de setembro, na estreia do filme [Cara ou Coroa, último filme de Giorgetti, que contou com o ator no elenco]. Ele veio, gentil como sempre. Ele estava com um problema sério de visão. Era um excelente ator, uma pessoa muito fácil de se trabalhar e de se conviver. Era muito simples."

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CACÁ DIEGUES, cineasta

"O Walmor foi um grande ator de teatro, televisão e cinema. Era um príncipe nos palcos, na TV e nas telonas. Ele tinha uma capacidade de interpretar qualquer papel com muita elegância. Trabalhei com ele só em 'Xica da Silva' (filme de 1976). Era muito fácil trabalhar com ele, além de talentoso, era muito inteligente."

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LUCÉLIA SANTOS, atriz

"Walmor foi um dos maiores atores do Brasil e do mundo. Ele reunia todas as características de um grande ator: preparação técnica, inteligência e muita cultura. Era um pássaro que voava longe. Minha admiração por ele é inominável. Onde quer que ele atuasse, no teatro, no cinema ou na TV, iluminava com sua exuberância. Estou me sentindo viúva."

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TV RECORD em nota oficial

"A direção da Rede Record recebeu com pesar a notícia do falecimento do ator Walmor Chagas, que interpretou o personagem Sócrates na novela "Caminhos do Coração", em 2007, e "Promessas de Amor", em 2009.

O seu talento e a qualidade de sua interpretação contribuíram para o sucesso desta novela na Record e da teledramaturgia brasileira.

Externamos nossa solidariedade à família e aos amigos de Walmor Chagas."

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JULIA IANINA, atriz que fez o papel de neta do personagem de Walmor Chagas no filme "Cara ou Coroa"

"Apesar dos problemas físicos, como uma doença que tinha na vista, ele era uma pessoa alegre e bem-humorada. Tinha uma voz impressionante, idêntica à voz dos tempos em que filmou 'São Paulo S/A'. Vivia absolutamente sozinho no sítio, mas parecia gostar muito disso. Quando vinha filmar ficava ansioso para voltar para casa."

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PAULO NASCIMENTO, diretor do filme "Valsa Para Bruno Stein" (2007), protagonizado por Walmor Chagas

"O 'Valsa Para Bruno Stein' foi todo em cima dele. Ele passou o filme inteiro brincando, perguntando 'se eu morrer hoje, já da pra montar o filme?'. Ele tinha um desprendimento impressionante. Falava a respeito da morte com muita naturalidade. E era um sujeito agradabilíssimo, divertido, bem humorado e generoso."

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TIAGO SANTIAGO, autor de novelas que trabalhou com o ator em "Os Mutantes: Caminhos do Coração" (2008) e "Mutantes: Promessas de Amor" (2009), da TV Record

"Walmor era um profundo conhecedor das artes cênicas e muito criterioso na escolha dos seus trabalhos. Foi uma honra contar com ele em novelas como 'Caminhos do Coração'. Era um ator precioso."

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ANDRÉ STURM, cineasta e diretor do MIS (Museu da Imagem e do Som)

"Tive o privilégio de trabalhar com ele no meu último longa, 'Bodas de Papel' (2008). Era um papel secundário mas importante. Desde o roteiro eu tinha pensado nele para o papel. Era um ator absolutamente extraordinário, um ator de cinema mesmo. Lembro de uma cena super-emocionante em que ele recebe a notícia de uma morte. Fizemos um ensaio da cena. Ele começou a ficar emocionado, mas não muito. Fui falar com ele, que me respondeu que não ia gastar no ensaio. Começamos a gravar. Estava aquele silêncio no set de filmagem, quando de repente os olhos dele encheram d'água. Eu não conseguia dizer 'corta'. Foi emocionante e inesquecível o impacto que ele causou no ambiente. Aconteceu em 2005 e lembro como se fosse hoje. É uma pessoa com uma história formidável."

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AMIR HADDAD, dramaturgo

"Eu sou de uma geração imediatamente posterior a dele. Eu cresci vendo Walmor trabalhar. Eu ia para a porta do teatro esperar o Walmor, na época do Teatro Brasileiro de Comédia. Era um grande ator, de grande repertório. Ele é um ícone do bom teatro brasileiro, de uma época em que o teatro era hegemônico na representação nacional. E esse espaço foi esvaziado ao longo dos anos. Ele foi morto pela mediocridade do teatro atual brasileiro. Como é que um teatro como o brasileiro não tem lugar para Walmor? Por falta de repertório. Eu compreendo a dor e a amargura dele."

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WALTER LIMA JR., cineasta que trabalhou com Walmor Chagas no filme "Joana Angélica" (1978)

"Era uma pessoa muito rica, um cara muito dedicado, muito culto. Minha convivência com ele durante o filme foi ótima, de absoluta cumplicidade. Infelizmente não conseguimos trabalhar juntos novamente", afirmou.

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BERNARD ATTAL, diretor do filme "A Coleção Invisível", com Walmor Chagas, inédito e previsto para estrear no segundo semestre

"Estou muito abalado, porque apesar de mais fraco fisicamente, Walmor ainda tinha uma cabeça muito boa. Quando fui em seu sítio para conhecê-lo, ele já estava com problema na visão, mas como o personagem do meu filme era um colecionador cego, só precisei de duas horas ao seu lado para não ter dúvidas sobre quem seria o ator. Quando 'A Coleção Invisível' passou no Festival do Rio, ano passado, ele achava que poderia ganhar o prêmio de melhor ator coadjuvante e revitalizar a carreira. Ele tinha muita vontade de fazer mais cinema."

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EDUARDO WOTZIK, que o dirigiu na peça "Um Equilíbrio Delicado", de Edward Albee, em 1999

"Ele tinha muita capacidade e potência para a realização, para fazer as coisas. Era muito dedicado e muito sério no trabalho. Dava um valor imenso a sua profissão, ela era intocável. Tinha uma integridade profissional muito forte. É uma perda imensa. Essa virada de geração que está acontecendo nos últimos anos pode deixar lacunas muito sérias, difíceis de preencher. Foi o Sérgio [Britto, em 2011], foi o Italo [Rossi, em 2011], agora o Walmor. Essas pessoas eram o nosso teatro, nossa referência. Estão indo embora e não tem ficado nada no lugar."

"Estávamos ensaiando no teatro Alfa, ele entrou e acendeu um cigarro. Veio um rapaz destes que toma conta do lugar e disse que era proibido fumar no teatro. Ele olhou o rapaz e disse: 'Meu filho, eu sou o teatro'. E não era arrogância, ele realmente era o teatro. Hoje tem muita gente de teatro, mas cada vez menos gente do teatro. O Walmor construiu sua carreira no teatro, passou anos ralando, aprendendo. Quando ele diz 'eu sou o teatro', é isso mesmo."

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JOSÉ DE ABREU, ator

"Walmor Chagas. Grande sujeito. Me ensinou muito pra fazer o filme 'A Intrusa' (1979) que me deu prêmio em Gramado e me trouxe pra Globo. Meu primeiro réveillon no Rio foi na casa do Walmor, em São Conrado. O cozinheiro era também bailarino, foi o primeiro Chef do Guimas. Walmor tinha uma ironia fina, culta, inteligente. Disse que Paulo era o maior ator do Brasil e que tinha virado diretor pra não brilhar mais que Dina."

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SERGINHO GROISMAN, apresentador

"Tive a oportunidade de ver Walmor Chagas no palco. Amava o teatro e sabia sim o significado de ser um grande ator."

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MARINA PERSON, apresentadora

"Ele era um superator, que teve uma carreira brilhante na TV e no cinema. Toda vez que eu o solicitava para falar sobre 'São Paulo S/A', ele saia do sítio e vinha, com a maior boa vontade. Ficou à disposição para o meu documentário sobre o meu pai. Tinha muito carinho pelo filme. O encontro do Walmor com o seu personagem, Carlos, foi um daqueles momentos mágicos do cinema, que a gente não consegue diferenciar o ator do personagem. A última vez que o encontrei foi no Festival do Rio, com o Vladimir Brichta, ele estava lançando um filme. Walmor falou com muito entusiasmo. Ele sempre foi um cara com uma supermemória, muito lúcido, muito justo, de querer falar as coisas como elas foram e aconteceram."

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CAO HAMBURGER, cineasta

"Fiz o 'Filhos do Carnaval' [série da HBO] com ele. Ele foi um dos maiores atores brasileiros da geração dele. O que me impressionou foi a disponibilidade de experimentar, de arriscar, mesmo depois de velho. Ele se animou muito quando sugeri que ele raspasse a cabeça, tirasse a marca registrada dele, que eram os cabelos brancos. A partir daí vi o quanto ele gostava de ir fundo, de se jogar no abismo dos personagens. Ao mesmo tempo, com uma seriedade do trabalho muito marcante. O papel dele até cresceu, começou menor e tomou a série. Ele falava muito na morte. Falava que não tinha medo da morte, que estava esperando. Mas não parecia uma pessoa angustiada. Era uma pessoa vivida, com a vida muito intensa, desde o casamento com Cacilda Becker. Uma história de vida muito intensa e corajosa. Ele sempre foi muito corajoso. Ele foi muito amigo do meu tio, Flávio Império, um dos maiores cenógrafos do teatro, que morreu nos anos 1980. Walmor foi um cara muito corajoso como ator e como pessoa."

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JUCA DE OLIVEIRA, ator

"Vai ficar uma saudade enorme, para o teatro especialmente, mas uma falta patra a cultura brasileira. Ele foi um dos mais excepcionais, mais talentosos atores do país em todos os tempos."

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JÔ SOARES, apresentador

"O Walmor era um dos maiores atores que eu vi em cena em qualquer lugar do mundo. Era um ator extraordinário. Era também um homem de uma beleza fantástica. Era um ator do menor gesto que ficava maior."


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