Folha de S. Paulo


Arte não é só para milionários, diz diretor da Christie's

Steven Murphy, diretor da casa de leilões Christie's, declarou em entrevista que o sucesso em anos menos excepcionais não pode depender apenas da minoria mais rica.

Foi assim em 2012 com a venda de "O Grito", de Edvard Munch, por US$ 120 milhões (R$ 244,8 milhões); de uma obra abstrata de Mark Rothko por US$ 87 milhões (R$ 177,5 milhões), ou dos US$ 48 milhões (R$ 97,9 milhões) pagos num desenho de Rafael --isso em um ano em que a prioridade para a maioria das pessoas foi simplesmente pagar as contas.

Nesta quinta-feira (17), a Christie's divulgou um faturamento recorde de US$ 6,3 bilhões (R$ 12,8 bi) em 2012, aumento de 10% em relação ao ano anterior. Em 2009, quando o mercado da arte sofreu uma forte contração devido a crise financeira global, o faturamento foi de US$ 3,3 bilhões (R$ 6,7 bi).

Reprodução
"O Grito" [1893], pintura de Edvard Munch

"É legal e é notícia conversar sobre a obra mais importante de uma só venda em uma só noite, mas é preciso tomar cuidado com a miopia como negócio, ao focar só nessa atividade tão importante", disse Murphy à agência de notícias Reuters.

"Vinte por cento dos nossos compradores no último ano eram novos na Christie's, nunca compraram aqui antes", afirmou ele em entrevista na sede da empresa, no centro de Londres, sentado diante de um pequeno Picasso que será vendido no mês que vem.

Com carreira nos campos editorial e fonográfico, Murphy, de 58 anos, causou surpresa ao ser nomeado dois anos atrás para o cargo na maior casa de leilões do mundo. Sua meta agora é tirar o ranço elitista do mundo da arte.

Em 2012, houve uma forte retração nos leilões de arte asiática da firma, por causa da concorrência de leiloeiros chineses e do fim de uma bolha especulativa nesse mercado. Mas a contração foi compensada pelas vendas a particulares, que cresceram 26% e atingiram US$ 1 bilhão (ou R$ 2 bi).

Ele disse, ainda, que essa tendência deve ser mantida no futuro, o que significará um menor movimento na sala de leilões de Christie's, onde ainda se concentra a principal atividade da empresa.

Com agências de notícias


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