Folha de S. Paulo


Centenário de Vilanova Artigas tem compilado de obras e livro infantil

Com motivo dos cem anos do nascimento do arquiteto Vilanova Artigas, chega uma edição que coloca seu patrimônio em dia, concretamente, desde 1942 até 1980, cinco anos antes de sua morte. O percurso abrangente mostra a importância e versatilidade de uma obra de sintaxe modernista, sempre preocupada com a função social, o destino coletivo, o que explica seu leque generoso: casas, prédios, estações, hospitais, escolas, universidades, estádios... como se a escala fosse um detalhe da poética. Suas reflexões construtivas, o diálogo com a luz, a captura do espaço e da força da gravidade, a elegância das sustentações ou a geometria áspera de suas estruturas, o faziam considerar seus prédios como poemas.

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Com uma organização didática, o livro potencia o mergulho nos exemplos ilustrados: além de uma introdução com história (na qual a ditadura militar foi uma dura anticontribuição para esse magistério), suas páginas trazem à tona um passeio pormenorizado por 43 obras que constituem um legado transcendental da arquitetura brasileira e alguns projetos que ficaram no papel (com numerosos desenhos, tão importantes em Vilanova, plantas e fotos). O arquiteto curitibano-paulistano ganha assim uma obra-compêndio à altura de sua celebração.

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Como contraponto ao livro de arquitetura, um inesperado livro infantil de Vilanova Artigas também celebra o centenário desse avô que desenhava com os netos. São múltiplos desenhos, sobretudo de bichos e meios de locomoção, entre outras coisas. A cuidada edição em caixa se baseia em encartes separados, autônomos, coloridos de forma agreste, singela, com as cores saindo dos contornos ou os fundos cheios de linhas garrafais, o que alimenta ainda mais a sensação de uma parceria inter-idades, meio perfeita-imperfeita. De fato, a mão diretora e poética de Artigas se deixa permear com traços e cores improváveis, prova inefável de um espírito feliz. O que explica a metamorfose do trem virando cobra ou a presença de algum bicho sem excessiva definição de gênero.

Já o texto dos autores, correlato aos desenhos, acompanha graficamente esse compasso visual com acerto, com linhas ondulantes que serpenteiam os desenhos. (ADOLFO MONTEJO NAVAS)

VILANOVA ARTIGAS
AUTOR: Rosa Artigas
EDITORA: Terceiro Nome
QUANTO: R$ 120 (272 págs.)
AVALIAÇÃO: ótimo

A MÃO LIVRE DO VOVÔ
AUTORES: Michel Gorski e Sílvia Zatz
ILUSTRAÇÕES: Vilanova Artigas
EDITORA: Terceiro Nome
QUANTO: R$ 37 (60 págs.)
AVALIAÇÃO: ótimo

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