Folha de S. Paulo


Novo disco de Céu está entre as opções de álbuns de MPB

AQUELAS COISAS TODAS

Parceiros há uma década e meia, a cantora Izabel Padovani e o baixista Ronaldo Saggiorato formam um duo surpreendente. Não bastasse o talento que exibem em suas performances, os arranjos dos dois para o álbum "Aquelas Coisas Todas" são capazes de tirar o fôlego do ouvinte. Isso acontece logo na canção de abertura, "Baião de Quatro Toques" (de Zé Miguel Wisnik e Luiz Tatit): voz e baixo elétrico compõem um ágil contraponto que evolui para o final arrebatador.

As 13 canções são revestidas por uma refinada abordagem instrumental, com bastante espaço para improvisos. Do frevo "Vô Alfredo" (de Guinga e Aldir Blanc), com o baixo fraseando como um frenético passista, à percussiva releitura do samba "É Preciso Perdoar" (Alcyvando Luz e Carlos Coqueijo), na qual Izabel improvisa com onomatopeias, a dupla confirma que a canção só tem a ganhar quando se abre para a riqueza harmônica e rítmica da música instrumental. Tomara que esse duo sirva de inspiração a muitos cantores por aí. (CARLOS CALADO)

AQUELAS COISAS TODAS
ARTISTAS Izabel Padovani e Ronaldo Saggiorato
GRAVADORA independente
QUANTO R$ 25

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TROPIX

"Perfume do Invisível", que abre o quarto disco de inéditas de Céu, é também a canção escolhida para o primeiro clipe do novo trabalho. No vídeo dirigido por Esmir Filho, a cantora paulistana atua sob um jogo de luzes e projeções, revelando um lado sensual até então oculto. A intimidade com a pista de dança é uma das boas novidades desta nova fase, que tem nas batidas eletrônicas o seu principal combustível.

Joel Silva/ Folhapress
A cantora Céu, que lança o disco
A cantora Céu, que lança o disco "Tropix"

O brilho do globo de espelhos reflete em composições construídas à base de texturas sintéticas, e o repertório remete ora à disco music dos anos 70, ora à década seguinte -como na versão de "Chico Buarque Song", do grupo Fellini, que tem um quê de Lionel Richie.

A parceria com o tecladista francês Hervé Salters (General Elektriks), que produz "Tropix" ao lado do baterista Pupillo, é fundamental neste salto rumo a um território antes inexplorado. É apertar o play e mergulhar em um universo distante do samba, do reggae e da música africana que consagraram Céu, mas ao mesmo tempo mais autoral do que nunca. Como diz a artista na letra de "Camadas", "Para te mostrar quem eu sou/ Eu não quero ter que ser outra". (LÍGIA NOGUEIRA)

TROPIX
ARTISTA Céu
GRAVADORA Slap
QUANTO R$ 26

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RAMA

Uma "viagem sonora". É assim que a cantora paulista Miriam Maria (integrante do grupo Orquídeas do Brasil, formado nos anos 1990 para acompanhar Itamar Assumpção) sintetiza o espírito de "Rama", seu segundo disco solo. Muito bem produzido por ela, em parceria com a percussionista Simone Sou e os violonistas Chico César e Danilo Moraes, também presentes em várias faixas, o álbum transmite tanto nas letras das canções como nos arranjos a sensação de se penetrar um Brasil profundo. 

Intérprete de voz doce e segura, Miriam não busca resgatar sonoridades sertanejas, nem folclóricas. A percussão e os samples de Simone transportam o ouvinte para uma selva, em "Capitão do Mato" (de Vicente Barreto e Paulo César Pinheiro), assim como realçam a atmosfera sombria de "Moer Cana" (de Chico César). Emoldurada pelo guitarrista André Abujamra, mestre das trilhas sonoras, a faixa-bônus "Filho de Santa Maria" (Itamar Assumpção e Paulo Leminski) encerra essa viagem sonora, transformando-a em sonho. (CARLOS CALADO)

RAMA
ARTISTA Miriam Maria
GRAVADORA Pôr do Som
QUANTO R$ 22


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