Folha de S. Paulo


Amós Oz defende Estados separados para israelenses e palestinos

COMO CURAR UM FANÁTICO

Reunião de palestras, artigos e uma entrevista com o autor, "Como Curar um Fanático", de Amós Oz, é uma obra modesta escorada em uma ideia ambiciosa: a defesa de dois Estados separados para israelenses e palestinos.

Nascido em Jerusalém, Oz é conhecido por sua militância em prol de uma solução de compromisso. O conflito, afinal, opõe "o certo e o certo".

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Capa de
Capa de "Como Curar um Fanático"

Ciente de que acordos fundados em concessões mútuas seriam tidos como oportunismo covarde por certos ativistas, ele antecipa a resposta: "O oposto desse compromisso não é integridade, ou idealismo, mas extermínio e morte".

Ele faz um apelo aos muçulmanos moderados, "a única força no mundo capaz de conter e mesmo de se sobrepor aos islamitas fanáticos".

Para o escritor, dois antídotos contra o fanatismo são o humor e a curiosidade, que ele considera uma virtude moral, ao permitir que uma pessoa se coloque no lugar de outra. (Oscar Pilagallo)

COMO CURAR UM FANÁTICO
QUANTO: R$ 29,90 (104 págs.) e R$ 20,90 (e-book)
AUTOR: Amós Oz
TRADUÇÃO: Paulo Geiger
EDITORA: Companhia das Letras

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CARTA AOS ESCROQUES DA ISLAMOFOBIA QUE FAZEM O JOGO DOS RACISTAS

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Capa da "Carta aos Escroques da Islamofobia que fazem o Jogo dos Racistas"

Alguns dias antes do ataque jihadista à redação do "Charlie Hebdo", em janeiro de 2015, Stéphanne Charbonnier, o Charb, diretor editorial do semanário francês, concluiu esta carta ou manifesto em defesa da luta antirracismo.

Irônicos, como não poderiam deixar de ser, já que saídos da pena de um humorista, os arrazoados de Charb têm como base diversos processos cíveis recebidos pela publicação em decorrência de seu humor radical e permanente campanha pelo laicismo do Estado.

Charb aponta o equívoco na adoção do termo "islamofobia" para designar a perseguição racial sofrida por muçulmanos: em sua compreensão, a expressão designaria a proteção da religião, enquanto o que deve ser protegido da sanha preconceituosa é o cidadão e seus direitos, não seu credo. A confusão decorrente da adoção do termo por parte de mídia e políticos produz seus efeitos: mais preconceito, em escala exponencial, e o relativismo que alimenta o terror. (JOCA REINERS TERRON)

CARTA AOS ESCROQUES DA ISLAMOFOBIA QUE FAZEM O JOGO DOS RACISTAS
QUANTO: R$ 34,90 (96 págs.)
AUTOR: Charb
TRADUÇÃO: Sara Spain
EDITORA: Casa da Palavra

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ENTRE O MUNDO E EU

Às vésperas do encerramento do ciclo de oito anos de Obama no poder, as tensões raciais na sociedade norte-americana pouco ou nada se atenuaram, segundo a denúncia apaixonada do jornalista Ta-Nehisi Coates.

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Capa de "Entre o Mundo e Eu"

Nesse livro, escrito na forma de uma carta a seu filho adolescente, ele articula memórias de sua trajetória, desde a difícil infância no gueto de Baltimore até a reflexão política incisiva sobre a herança ainda viva da escravidão nas engrenagens de preconceito e repressão de um país que dorme seu "sonho americano" deitado "sobre nossas costas", numa cama que é "feita de nossos corpos".

Coates é filho de um ex-militante do movimento radical dos Panteras Negras, dos anos 1960, e uma das vozes mais respeitadas pela comunidade afro-americana contemporânea. (CAIO LIUDVIK)

ENTRE O MUNDO E EU
QUANTO: R$ 39,90 (144 págs.) e R$ 23,90 (e-book)
AUTOR: Ta-Nehisi Coates
TRADUÇÃO: Paulo Geiger
EDITORA: Objetiva

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GERALDO VANDRÉ - UMA CANÇÃO INTERROMPIDA

O jornalista Vitor Nuzzi foi até onde deu para contar a vida de Geraldo Vandré. Foi longe, porque pesquisou muito e entrevistou cerca de cem pessoas próximas do cantor e compositor, mas não fez o caminho todo. Em parte porque não o convenceu a falar, em parte porque algumas dúvidas que o cercam dificilmente serão dirimidas.

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Capa de "Geraldo Vandré - Uma Canção Interrompida"

Quais foram as circunstâncias da nebulosa volta do exílio em 1973? O artista que levantou o Maracanãzinho em 1968 com "Caminhando", que se tornaria um hino da resistência, teria capitulado para viabilizar seu retorno ao país? Foi torturado? Teria enlouquecido? Por que passou a elogiar militares e criticar a sociedade pós-ditadura?

São perguntas para as quais pode haver várias respostas, mas não uma definitiva.

De qualquer maneira, a biografia de Nuzzi separa o homem do mito, e apresenta um Vandré com nuances e ambiguidades de um personagem de carne e osso, que vai muito além do cantor de protesto. (Oscar Pilagallo)

GERALDO VANDRÉ - UMA CANÇÃO INTERROMPIDA
QUANTO: R$ 64 (352 págs.)
AUTOR: Vitor Nuzzi
EDITORA: Kuarup

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UMA JUVENTUDE NA ALEMANHA

Se a literatura política serve para perturbar o sono do mundo, a autobiografia de Ernst Toller, dramaturgo alemão, vai além. Lutando na Primeira Grande Guerra, nota que as guerras nascem nas escolas, que adestram os pobres a amar a pátria, a cumprir ordens e a colocar o resto nas mãos de Deus.

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Capa de "Uma Juventude na Alemanha"

Com a queda do império, um punhado de sindicatos (o pacifista Toller à frente), com socialistas, independentes, comunistas e uns poucos social-democratas, proclama a República Conselhista da Baviera. Graças a agentes infiltrados, todos são presos e muitos executados.

Condenado pela justiça republicana como "traidor do império", Toller escreve na cela grandes peças inspiradas em reflexões sobre a vida e as pessoas. Sua autobiografia, de ritmo cênico fulminante, cessa aos 30 anos. Toller sai da Alemanha em 1933 e suicida-se em 1939, abalado pelo reconhecimento internacional da ditadura franquista da Espanha. (GREGÓRIO BACIC)

UMA JUVENTUDE NA ALEMANHA
QUANTO: R$ 36 (280 págs.)
AUTOR: Ernst Toller
TRADUÇÃO: Ricardo Ploch
EDITORA: Mundaréu


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