Folha de S. Paulo


Confira os lançamentos em DVD de filmes estrangeiros

CIMARRON

"Cimarron" (1960) é ao mesmo tempo uma despedida de Anthony Mann do faroeste e a inauguração de um tipo de drama espetacular que ele passaria a fazer desde então, e que culminaria, nos anos seguintes, com os épicos "El Cid" (1961) e "A Queda do Império Romano" (1964).

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A historiadora Jeanine Basinger tem razão: "Cimarron" não é bem um faroeste, mas um drama histórico ambientado na conquista do oeste.

O personagem-título (Glenn Ford) vai com sua nova esposa, Sabra (Maria Schell), construir uma nova vida na colonização de um novo estado americano: Oklahoma. Dixie (Anne Baxter) é a mulher que surge como algo mal resolvido no passado. O lado idealista desse homem entra em conflito com as necessidades da família: ele recusa o dinheiro de uma recompensa e usa o jornal que herdou para defender as minorias, entre outras coisas que escandalizam a sociedade da época.

Cimarron, o personagem, é avesso a conchavos, incorruptível, um grande homem. "Cimarron", o filme, é o primeiro capítulo do Mann histórico, espetaculoso, mas ainda genial. (Sérgio Alpendre)

CIMARRON
QUANTO: R$ 29,90
EDITORA: CLASSICLINE
DIREÇÃO: ANTHONY MANN

NOSTALGIA DA LUZ

Com uma escrita cinematográfica só comparável ao refinamento literário dos grandes ensaístas, o documentarista chileno Patricio Guzmán ("A Batalha do Chile", 1975-79) articula, neste longa, pensamento acerca do mundo capaz de relacionar, com rara densidade filosófica, temas aparentemente díspares.

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A voz off e a câmera de Guzmán palmilham o deserto de Atacama e nos mostram, através de delicados encontros, distantes da pressa jornalística ou do didatismo dos ávidos por conclusões, como a investigação científica acerca dos corpos celestes e as perguntas sobre a origem do universo praticadas nos observatórios astronômicos da região têm paralelo com a busca arqueológica por corpos mumificados dos povos que a habitaram e com a busca emocionalmente interessada pelos "restos de restos" dos corpos torturados e ali enterrados pela ditadura de Pinochet.

Ao pensar os paradoxos do tempo e da história, o cinema faz mover poeticamente, entre o céu e o chão, a existência humana sobre a Terra. (Roberto Alves)

NOSTALGIA DA LUZ
QUANTO: R$ 61,90
EDITORA: IMS/BRETZ FILMES
DIREÇÃO: PATRICIO GUZMÁN

O CONTO DA PRINCESA KAGUYA

Agora que o japonês Hayao Miyazaki conquistou respeito internacional sem que o rótulo muitas vezes diminuidor quanto a fazer filmes de "animação" o desloque para longe dos grandes cineastas, vale conhecer os filmes de seu companheiro, cofundador do Studio Ghibli, Isao Takahata ( "O Túmulo dos Vagalumes", 1988).

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Já o representa bem este belo longa de 2013, que ""ainda que distante da delirante arte de Miyazaki"" surpreende ao verter em delicadas aquarelas animadas um tradicional conto japonês. Uma princesinha achada por um cortador num luminescente broto de bambu logo virará um bebê e, num ritmo vertiginoso de crescimento e revelação de alegres modos e talentos, se tornará a "princesa" que reluta em ceder, pelo casamento, aos projetos de ascensão social do pai.

"É mais complexo do que você pensa", diz a mulher do cortador ao marido, referindo-se ao ato de cuidar do serzinho achado. O mesmo vale para o filme, que desdobra sem pressa sutis observações humanas e intenso lirismo. (RA)

O CONTO DA PRINCESA KAGUYA
QUANTO: R$ 39,90 (DVD) E R$ 89,90 (BLU-RAY)
EDITORA: CALIFORNIA
DIREÇÃO: ISAO TAKAHATA


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