Folha de S. Paulo


Estagiárias de deuses amazônicos, guerreiras estrelam série brasileira

Quatro guerreiras indígenas com superpoderes lutando em um minuto contra o Boitatá no meio da Amazônia.

Meio com clima de super-herói, meio com o tempero do Pará, a série de animação brasileira "Icamiabas na Amazônia de Pedra" revela a cultura da floresta amazônica em episódios curtinhos, que são exibidos na internet e na TV Cultura paraense.

"Às vezes a gente tenta reproduzir o que vem de fora. Mas também dá para falar de super-herói com as histórias que estão ao nosso redor", diz Otoniel Oliveira, criador da produção.

A série foi inspirada na lenda das icamiabas, guerreiras que, segundo a lenda, viviam em tribos sem homens na Amazônia brasileira. Elas também são conhecidas como amazonas, por sua semelhança com o mito das amazonas da Grécia Antiga. O próprio rio Amazonas foi batizado em homenagem a elas.

Icamiabas

Na animação, quatro jovens indígenas têm a missão de combater vilões, como o Boitatá e o Curupira, além de resolver alguns problemas como impedir que a Lua caia e destrua a todos.

As heroínas são estagiárias de deuses como Tupã, Jaci e Caupé. Cansados de terem sempre de salvar o mundo, eles delegam às estagiárias essa tarefa.

Mas, ao contrário de suas antepassadas, as icamiabas de Otoniel não poderiam estar mais integradas ao século 21: elas vivem na cidade, jogam games e vão à faculdade.

"Estamos acostumados a um pensamento colonialista sobre os indígena e vê-los parados no tempo", diz Otoniel.

Além de levantar a bandeira da cultura nacional, a série também traz outras discussões, como a da participação feminina nos desenhos. O criador espera que as quatro heroínas possam servir de inspiração para meninas e meninos.

"Existe um mito de que meninos não assistem a séries com heroínas. Mas isso está mudando", diz.

Otoniel trabalha agora para fazer episódios mais longos, com cerca de 11 minutos. Eles devem ser finalizados ainda neste ano e lançados em 2017.


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