Há três anos, Mariana Hanggi, 9, escalou pela primeira vez na academia que a mãe costumava frequentar. Vendo a desenvoltura da menina com a prática, o técnico Anderson Gouveia decidiu convidá-la para treinar. Hoje, a curitibana é a atual campeã brasileira e paranaense da modalidade na categoria infantil.
"O Anderson disse que eu era forte e perguntou para a minha mãe se eu não queria treinar. Daí eu aceitei e comecei a praticar", conta.
Os treinos duram de uma a duas horas, e acontecem todas as tardes, depois das aulas de Mariana na escola. Além da prática específica, ela também faz um aperfeiçoamento físico correndo ou andando de bike.
"Eu melhorei muito desde que comecei", diz a menina.
Devido às competições de escalada, a curitibana já conheceu vários lugares do Brasil. Ela também participou de dois campeonatos internacionais, ambos na Áustria. "Eu viajo bastante", conta. No último sábado, ela esteve em São Paulo para participar de uma demonstração de escalada esportiva no Sesc Vila Mariana. Nas competições, Mariana geralmente participa com outros atletas de até 11 anos.
E como ela consegue conciliar os treinos, as viagens e os estudos? "Para mim, não é muita coisa", diz. Quando está viajando e não pode ir à escola, os professores enviam as atividades para que a menina não fique atrasada no conteúdo.
Apesar dos bons resultados, a atleta ainda não possui nenhum patrocínio, e os custos são bancados pelos pais. "É um patrocínio mãe-filha", brinca Verônica Hanggi, mãe da menina.
Para 2016, Mariana quer melhorar ainda mais seu desempenho –que, na escalada, é medido em graus, um sistema que leva em conta fatores como a distância entre as proteções, a altura da parede e a exigência física da subida. "Eu tenho uma meta, que é fazer um grau a mais de dificuldade", diz. Hoje, ela escala no sétimo grau, e pretende chegar até o oitavo. Atletas adultos escalam no décimo grau.
ESCALADA
A escalada esportiva começou a ser praticada no Brasil na década de 1980. Dentro da modalidade, há três categorias: boulder, velocidade e dificuldade.
Para Mariana, as habilidades mais importantes na escalada são elasticidade e força. Embora treine todos os formatos, sua especialidade é a categoria de dificuldade, na qual os atletas escalam uma parede alta (cerca de 20 m). O objetivo é chegar ao topo o mais rápido possível.
A IFSC (Federação Internacional de Escalada) calcula que há 35 milhões de escaladores em todo o mundo. Embora ainda não faça parte do programa da Olimpíada, a escalada será modalidade de demonstração nos jogos deste ano no Rio. E para Tóquio, em 2020, o esporte pode se tornar de vez modalidade olímpica –mas a decisão ainda precisa ser confirmada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), instituição que cuida dos jogos.
"Eu gostaria de mostrar esse esporte para o mundo, porque ele é muito bom", diz Mariana.