Folha de S. Paulo


Serviços que escolhem e enviam livros para crianças ganham força no Brasil

As livrarias já não são o único lugar para pais e filhos comprarem um novo livro. Serviços de assinatura para o público infantil vêm ganhando clientes ao entregar obras infantis na casa dos assinantes.

Criados em 2014, eles têm um funcionamento simples: ao pagar um valor mensal fixo, recebe-se em casa uma caixa que vem com livros para crianças e explicações sobre as histórias.

"Ao ver a quantidade de lançamentos das editoras, muita gente não sabe o que comprar para o filho. Além disso, os pais estão com cada vez menos tempo", explica Guilherme Martins, da Leiturinha. Lançado há um ano, o serviço envia obras para 5.000 crianças de todo o país, de Porto Alegre (RS) ao Recife (PE).

Se, por um lado, há uma praticidade no serviço e possibilidade de atingir cidades que não possuem livrarias, existe também uma perda de autonomia. Os pais não escolhem o produto, tarefa que fica a cargo da empresa contratada.

O negócio leva para a literatura o mesmo modelo de serviços de assinatura de outras áreas, que entregam cervejas, vinhos e até pães na casa dos clientes. No caso da Leiturinha, o pacote que traz um livro custa R$ 29 por mês. Já o que vem com duas obras chega a R$ 49.

Mas ele não é o único. O Booxs, um dos serviços concorrentes, foi lançado em outubro do ano passado. O programa tem atualmente 400 assinantes, que recebem dois livros mensais a um custo de R$ 59,90.

Projetos como esses não são exatamente novidade no país. Entre as décadas de 1970 e 1990, o Círculo do Livro fez grande sucesso com um modelo parecido. Ele enviava um catálogo para seus assinantes, que podiam escolher qual obra gostariam de adquirir.

ESCOLA

Com o crescimento, a escola perde seu papel de principal instituição que indica o que a criança deve ler. "Os colégios costumam selecionar poucos livros por ano. Principalmente para os mais novos, de até oito anos de idade. No limite, daria para ler um livro por noite, antes de dormir", defende Guilherme Martins.

Denise Guilherme, criadora do A Taba, concorda. "A escola não pode ser o único lugar onde crianças têm contato com livros."

A Taba surgiu como uma livraria virtual e criou seu serviço de assinatura em agosto de 2014. Com 119 assinantes, o Clube de Leitores envia um livro por mês por um preço que varia entre R$ 45 e R$ 60 —valor mais alto, se comparado às outras duas opções.

Os produtos das três empresas são escolhidos por conselhos, formado por professores, psicólogos, escritores e contadores de histórias. Além de definir a obra, eles também confeccionam guias que auxiliam pais e crianças a aproveitarem melhor a história.

"Ainda que não sejam leitores, muitos consideram a leitura um valor importante. Há um consenso de que quem lê é culto e têm repertório", conta Denise. "Pais querem cada vez mais que seus filhos sejam leitores. E estão dispostos a pagar por isso", fala Claudio, um dos criadores do Booxs.


Endereço da página:

Links no texto: