Folha de S. Paulo


Ataque a jornal francês gera debate sobre os limites entre humor e religião

O ataque ao jornal francês "Charlie Hebdo", no último dia 7, por publicar charges consideradas ofensivas à religião islâmica está causando uma discussão no Brasil e em vários países: piadas deveriam ter limite quando mexem com a fé das pessoas?

Para responder a essa pergunta, a "Folhinha" conversou com o cartunista Carlos Ruas, 29. Há seis anos, ele criou o blog Um Sábado Qualquer, que trata diferentes religiões com humor e tem mais de 2,3 milhões de seguidores no Facebook, entre crianças e adultos.

"Minha intenção não é ofender", explicou. "Coloco os personagens religiosos todos juntos, trocando ensinamentos, farpas. Gosto de praticar o debate."

Ao desenhar o profeta Maomé (veja tira acima), considerado mensageiro de Deus, Ruas optou por cobrir o rosto dele, pois muçulmanos consideram um insulto retratar sua imagem. No "Charlie Hebdo", por outro lado, ele aparecia até pelado (leia sobre o ataque ao jornal aqui).

Os franceses estariam errados? Nada disso, afirma Ruas. "Eles defendiam a liberdade de falar o que quiser, contra quem quiser. Eu os considero muito corajosos, por testar a liberdade no país deles. Sensacional o que fizeram, eu não teria essa mesma coragem."

Ruas diz que, no Brasil, a maior parte das pessoas lida bem com o seu trabalho, mas que também há radicais. "Tem uma minoria que acha que desenhar Deus é uma ofensa terrível."

Carlos Ruas
Personagens das tiras
Personagens das tiras "Um Sábado Qualquer"

FABIANO DIAS MAISONNAVE, 13, é filho do repórter da Folha Fabiano Maisonnave


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