Folha de S. Paulo


Menino aprisiona a Morte para evitar que a mãe morra

Quando minha avó morreu, guardei em uma gaveta as lembranças que tinha dela: um livro com dedicatória, cartões de aniversário, alguns presentes.

Paul, o garoto do livro "No Oco da Avelã", foi mais prevenido. Em vez de memórias, ele resolveu aprisionar a própria Morte para impedir que sua mãe, já doente, morresse.

Muriel Mingau/Reprodução
Imagem do livro
Imagem do livro "No Oco da Avelã"

O plano foi bem simples. Ao ver a figura de preto caminhando até sua casa, o menino decidiu roubar a foice da Morte, bater nela até que ficasse minúscula e aprisioná-la dentro de uma casca de avelã. Para completar o serviço, atirou a bolinha no mar.

Pronto, a mãe não morreria mais, pensou Paul, orgulhoso do feito. Mas logo ele descobriu que não era bem desse jeito.

A Morte, de fato, não levou a mulher embora. Mas, assim como ela, todos os outros seres do mundo também escaparam do último suspiro. Plantas não desgrudavam da terra, peixes não eram pescados nem os ovos podiam ser quebrados. Paul percebeu, então, a confusão que causara no planeta. E aprendeu uma valiosa lição: sem morte, a vida se torna impossível. Curioso, né?

Essa e outras reflexões profundas, mas ao mesmo tempo delicadas, brotam nas páginas da história, que é a adaptação de um conto popular da Escócia.

E nos levam também a aprender as nossas lições. Durante a busca do garoto pela avelã no fundo do mar, uma lâmpada parece acender na cabeça dos leitores: aproveite as pessoas enquanto elas ainda estão por perto. Antes que virem uma gaveta de memórias.

"NO OCO DA AVELÃ"
AUTOR Muriel Mingau (tradução Chantal Castelli)
EDITORA SM
PREÇO R$ 38
INDICAÇÃO a partir de 9 anos


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