Folha de S. Paulo


Igreja aceita (em partes) as descobertas da ciência

A Igreja Católica nunca condenou diretamente as ideias de Charles Darwin, o cientista britânico que formulou a teoria da evolução.

Aliás, desde os anos 1950, os papas, que são os líderes supremos da igreja, têm aberto cada vez mais espaço para que os católicos aceitem as ideias evolucionistas -ainda que com limites.

Perto de outras igrejas cristãs, o catolicismo tem mais facilidade em aceitar ideias que parecem contradizer o que diz a Bíblia. Isso porque, entre os estudiosos católicos, é rara a tendência de interpretar o que está escrito ao pé da letra. É mais comum uma interpretação simbólica.

Por exemplo: embora o livro do Gênesis, o primeiro da Bíblia, diga que Deus criou o mundo em sete dias, a interpretação é que o texto não está falando de sete dias de 24 horas, como os que conhecemos. Fala do período necessário para concluir a criação, já que o número sete, no mundo antigo, era o que simbolizava algo completo e perfeito.

Por isso mesmo, em 1859, quando Darwin publicou seu primeiro grande livro sobre a evolução, "A Origem das Espécies", a Igreja Católica não se manifestou diretamente. Naquela época, existia uma lista de livros considerados contrários à fé, elaborada pelo Vaticano, mas a obra de Darwin nunca entrou nessa lista.

ALMA HUMANA

Com o passar dos anos, alguns bispos e padres criticaram a teoria evolucionista, outros a defenderam, mas o primeiro papa a falar diretamente do tema foi Pio 12, em 1950.

Numa encíclica (carta enviada a todos os bispos do mundo), ele foi neutro: disse que os católicos eram livres para estudar a evolução do ponto de vista científico e verificar se a teoria era verdadeira.

Mas lembrou que era necessária a crença de que Deus tinha criado diretamente a alma dos seres humanos. Afirmou também que, segundo a fé católica, todas as pessoas descendiam de um único casal original.

Em 1996, o papa João Paulo 2º disse que as evidências em favor da evolução eram fortes, mas reforçou que os católicos deviam crer na criação da alma humana por Deus.


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