Folha de S. Paulo


Tragédia para criança? Confira versões infantis de Shakespeare

Há quase 450 anos, William era um menino resmungão, com sua mochila, arrastando-se como uma lesma para a escola. É assim que Shakespeare descreve seu cotidiano de ir à aula, então a quatro quarteirões de sua casa, na peça "Como Você Quiser".

De segunda a sábado, ele entrava às 6h no verão, às 7h no inverno, para sair só no final do dia. Quase sem férias. Decorava livros clássicos sem parar, depois fazia exercícios de imitação e variação. Treinava defender uma ideia e depois a ideia contrária.

Foi assim que, anos depois, já trabalhando como ator, escreveu as maiores peças que o teatro conheceu. E que você também conhece. Por exemplo, um rei é morto e seu filho descobre que o culpado é o tio, que virou o novo rei. O que o príncipe deve fazer? Deve procurar vingança?

A história é de "O Rei Leão", mas foi inspirada em "Hamlet", tragédia escrita por Shakespeare mais ou menos no ano 1600.

Como o autor estaria comemorando 450 anos nesta semana, saíram vários quadrinhos e livros infantojuvenis inspirados em sua obra. Agora "Hamlet" é mangá, que acaba de sair no Brasil. O texto reproduz a peça, bem adaptada e traduzida. Tem também "Romeu e Julieta" recontado por C.A. Plaisted, que é legal. E "Sonho de uma Noite de Verão", por Andrew Matthews. São as mais recomendadas para crianças.

Até pouco tempo atrás, diziam que era melhor começar a ler Shakespeare mais perto da adolescência. Na Inglaterra, onde ele nasceu, o currículo nacional ainda indica a leitura de suas duas primeiras peças entre os 11 e os 14 anos.

Mas isso começou a mudar com um programa para estudantes a partir de cinco anos, que revelou que as crianças ficam fascinadas com o escritor.

E não tem de ser só as famosas "Romeu e Julieta" ou "Sonho de uma Noite de Verão", diz a Royal Shakespeare Company, conceituado grupo teatral inglês. Crianças também têm o direito de conhecer Shakespeare, como os adultos, para transformar suas vidas.


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