Folha de S. Paulo


Em peça sem palco, atores e público se misturam como se brincassem na rua

A peça "São Jorge Menino", que estreia hoje em São Paulo, é um tipo de procissão. Sem palco, artistas e público percorrem juntos uma rua onde acontecem peripécias. É divertido, mesmo que a gente não entenda tim-tim por tim-tim.

Durante toda a encenação, os atores se misturam às pessoas e puxam a cantoria. Às vezes, entoam músicas que parecem orações. Outras vezes, declamam as letras como na embolada (um tipo de música popular nordestina). É tudo brincadeira de rua.

Também desenham com café e farinha, no chão. O traço e o tema lembram as pinturas de Candido Portinari (1903-1962) e Di Cavalcanti (1897-1976).

Mas não são só os atores que desenham. No início do espetáculo, eles distribuem lápis e convidam o público a pintar qualquer parte do cenário, feito de papel, assim como os figurinos. Tudo branco. No ensaio do último dia 23, um espectador de três anos disse que desenhava um "dragão" na Mãe-Rua.

Essa personagem é um mistério: uma mistura de gente e boneco, mas que parece também uma torre. Sua roupa é tão comprida que toma a rua inteira. Ela fala coisas que a gente tem de imaginar o significado.

A Mãe-Rua conta ser devota de são Jorge e convida todos a inaugurarem a estátua do santo na praça. Um menino sujo dorme entre os pés do cavalo do monumento. Todos pensam que ele é o santo e passam a segui-lo.

O espetáculo marca a estreia da Cia. São Jorge de Variedades no teatro infantil. Entre suas peças para adultos está "Barafonda" (2012), que faz um cortejo parecido pelo bairro paulistano da Barra Funda.

"SÃO JORGE MENINO"
QUANDO sábados e domingos, às 17h; até 6/4
ONDE Sesc Belenzinho - r. Padre Adelino, 1.000; tel. (11) 2076-9700
QUANTO grátis


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