Folha de S. Paulo


Saiba o que é exumação, como a que aconteceu com o ex-presidente João Goulart

Se você gosta de histórias de espiões, talvez já tenha ouvido um ditado um tanto assustador: "Homens mortos não contam segredos". Engano dos vilões dessas histórias, caro leitor. Nas mãos de cientistas, até gente morta há muito tempo pode acabar revelando todo tipo de segredo.

Esse fato foi uma das razões que levaram especialistas a exumar (desenterrar), no último dia 14, o corpo de João Goulart, ex-presidente do Brasil que morreu em 1976.

Acreditava-se que Jango, como era conhecido o ex-presidente, tinha morrido por causa de problemas do coração. Mas há quem afirme que, na verdade, ele tenha sido envenenado.

Para tirar essa dúvida, especialistas vão examinar os restos mortais de Jango. Parece impossível, mas, com alguma sorte, o esqueleto e outras parte do corpo de pessoas mortas podem trazer pistas sobre como elas viveram e morreram.

Dependendo do clima e da umidade da região onde a pessoa está enterrada, seu cabelo pode ficar preservado por vários anos, por exemplo -e, por causa da maneira como o nosso organismo funciona, substâncias venenosas muitas vezes acabam se acumulando nesses fios.

Da mesma maneira, os átomos (partículas que formam tudo o que existe) presentes nas unhas ou nos ossos podem indicar se o morto era vegetariano ou adorava comer carne. E até mesmo desvendar em que região do mundo a pessoa cresceu, pois os ossos acumulam partículas vindas da água de cada lugar.

E uma série de outras coisas podem ser descobertas ao desenterrar corpos. É o caso de infecções por micróbios, como o da tuberculose, que pode deixar marcas no osso e ter seu DNA flagrado pelos cientistas.

Ilustrações Pablo Mayer

Endereço da página:

Links no texto: